No dia de sua independência, uma visão geral do Brasil na F1.
Dia 7 de Setembro é sempre uma data especial para todos os brasileiros, dia em que nosso país conseguiu sua independência total de Portugal. Nós, amantes do automobilismo, somos críticos e exigentes quanto ao desempenho de nossa pátria tupiniquim nos autódromos ao redor do Mundo na principal categoria do automobilismo. Mesmo em uma fase de vacas magras, temos dois pilotos nacionais em equipes tradicionais: Ferrari e Williams e um deles, mesmo com todos os problemas enfrentados, em totais condições de vencer.
O Brasil tem números de dar inveja a qualquer nação do velho mundo na F1. Certa vez conversando com um colega finlandês, ele disse que pelo tamanho continental do Brasil, era um dever nosso ter os números que nós temos, mas o orgulho foi prontamente inflamado e a resposta veio imediata, temos um oceano atlântico que nos separada do velho mundo e o nosso país não possui ( pelo menos, não possuia na época ) condições financeiras para bater de frente com as potências européias.
Vejamos nossos principais números na Formula 1 até hoje ( 07/09/2011 ):
Vitórias: 101
Poles: 124
Títulos: 8
Para nós termos uma idéia dos números nacionais, o Brasil é o 2o país em títulos na F1 empatado com a Alemanha e apenas atrás da Inglaterra com nove conquistas. Graças a habilidade inconteste de Ayrton Senna, o país tem um invejavel número de poles - 124 e possui 101 vitórias na categoria, o 3o no ranking de países atrás de Grã-Bretanha e Alemanha.
Rubens Barrichello é o piloto com maior número de largadas na F1 e no ultimo fim de semana, Felipe Nasr conquistou a F3 Britânica, abrindo os olhos dos principais dirigentes da Fórmula 1.
Vejamos alguns "heróis" brasileiros na categoria:
Chico Landi (14/06/1907 - 07/06/1989)
Muitos falam que Emerson Fittipaldi foi o principal precursor brasileiro na Formula 1 e acabam cometendo uma injustiça tamanha com este senhor brasileiro de sangue italiano. Francisco Sacco Landi foi o primeiro brasileiro a desbravar as pistas européias, ganhando o GP de Bari em 1948. Disputou na F1 apenas 6 Gp's entre 1951 e 1956. Conquistou apenas 1,5 ponto mas foi o "bandeirante" brasileiro na categoria.
Chico Landi em ação no GP da Italia em 1952 a bordo do Maserati. |
Emerson Fittipaldi
Corajoso e determinado. Esses são alguns dos muitos adjetivos que podemos resumir Emerson Fittipaldi. Primeiro brasileiro a pilotar a lendária Lotus, Emerson chegou na Europa determinado a pilotar um F1 mas sua vida não foi nada fácil. Ao ser chamado por Colin Chapman, logo de cara enfrentou o trauma de perder um ídolo, com a morte de Jochen Rindt em Monza. Graças a sua vitória, a primeira brasileira na F1 em Watkins Glen em 1970, seu amigo morto foi consagrado campeão póstumo. A partir dai, Emerson solidificou seu caminho, conseguindo seu primeiro titulo mundial em 1972. Foi para a McLaren e conseguiu o bi em 1974. A partir de 1976 topou o desafio de liderar uma equipe brasileira na F1 porém sem muito sucesso. Sem apoio e desiludido, Emerson migrou para os EUA aonde foi disputar a F-Indy. Conseguiu a reviravolta com o título em 1989 além do bicampeonato das 500 milhas de Indianapolis ( 1989/1993 ). Um mito que abriu as portas para as futuras gerações nas principais categorias de monopostos do Mundo.
Emerson em números:
144 largadas
14 vitórias
6 poles
2 títulos mundiais
Emerson em ação no GP Brasil de 1974 a bordo do McLaren Ford |
Emerson e o lendário Lotus JPS Ford em 1972 |
A bordo do brasileirissimo Fittipaldi-Copersucar |
Precisamos dizer mais alguma coisa? |
Nelson Piquet
Polêmico, técnico mas sobretudo, um vencedor. Nelson Piquet Souto Maior foi um lutador que chegou ao sucesso graças ao seu árduo trabalho. Filho de um ex-militar, Piquet não teve muitas ajudas para trilhar seu sonho. Foi campeão brasileiro de kart em 1971 e 1972 e da Super Vê em 1976. Na Formula 1, estreou em 1978 pilotando um McLaren M23 da equipe Ensign. Logo depois, foi convidado por Bernie Ecclestone para ser companheiro de Niki Lauda na Brabham. O casamento de Brabham-Piquet foi de extremo sucesso. Sua primeira vitória veio no GP dos EUA em 1980, e por coincidência, prova de despedida de Emerson na F1, os dois dividiram o pódio. Em 1980, foi vice-campeão e em 1981 veio o primeiro título mundial. Após cansativos e longos testes com os novos motores turbo da BMW, a recompensa veio em 1983 com o bicampeonato mundial. Em 1986 foi contratado a peso de ouro pela Williams, mas não contava com a concorrência forte do então novato inglês Nigel Mansell. Os dois travaram disputas memoráveis e a faceta polêmica de Piquet ficou mundialmente conhecida nessa época. Graças aos privilégios concedidos pela equipe ao inglês, Piquet teve que usar toda sua artimanha para ludibriar e manter seu staff-técnico unido. Em 1986 perdeu o título na ultima prova e a recompensa veio em 1987 com a conquista do tricampeonato mundial. Logo apos o titulo, rumou para a Lotus aonde não teve sucesso e encerrou a carreira em 1991 pela equipe Benetton dividindo a equipe com um certo alemão chamado Michael Schumacher.
Piquet em números:
204 largadas
23 vitórias
24 poles
3 títulos mundiais
Piquet vence o GP da Argentina em 1981 relegando o representante da casa ao 2o lugar. |
Piquet e a Brabham BMW do bicampeonato. |
Piquet a bordo do Williams Honda em 1987 |
Piquet foi o vencedor da corrida nº 500 da F1 em Adelaide, 1990. |
Ayrton Senna (21/03/1960 - 01/05/1994)
O maior piloto brasileiro da história do automobilismo nacional, considerado o maior esportista brasileiro do século XX, foi eleito pela conceituada revista Autosport como o melhor piloto da F1 de todos os tempos. Faltam palavras para descrever Ayrton Senna da Silva. Extremamente arrojado, rápido, determinado e de um carisma inigualavel, Senna foi um divisor de águas na categoria. Foi o precursor da preparação física e mental e graças a sua extrema concentração conseguiu extrair o máximo de suas máquinas, que muitas vezes não eram das mais velozes. Senna começou no kart muito cedo, aos 4 anos de idade. Foi tricampeão brasileiro de kart, campeão sul-americano de kart, e por duas vezes foi vice-campeão mundial de Kart. Foi campeão da F-Ford inglesa e da F3 Britânica. Frank Williams foi o primeiro dirigente da F1 a lhe conceder uma oportunidade com um carro de F1, em 1983. Estreou na categoria em 1984 pela Toleman conseguindo dois pódios, um deles memorável em Monte Carlo. Entre 1985 e 1987 pilotou para a lendária equipe Lotus conseguindo sua primeira vitória debaixo de um temporal em Estoril em 1985. Foi o primeiro piloto a carregar a bandeira nacional após uma de suas vitórias em 1986 em Detroit. Logo após ver sua seleção ser eliminada da Copa do Mundo, Senna foi caçoado pelos franceses, técnicos da Renault, montadora que fornecia motores para a sua equipe Lotus. Após consagradora vitória, ergueu a bandeira do Brasil em uma forma de mostrar seu patriotismo perante os franceses.
Entre 1988 e 1993 piloto para a McLaren, formando com Ron Dennis uma das parcerias mais vitoriosas da categoria. Ao mesmo tempo, encontrou em Alain Prost seu maior rival nas pistas. Os dois proporcionaram lances incriveis em 1988 e 1989. Um titulo para cada um. Em 1990, Senna conquistou o bicampeonato contra o mesmo francês, que já pilotava a Ferrari. Em 1991, Senna conquistou sua primeira vitória no Brasil em Interlagos e no final do ano, consagrou-se tricampeão mundial ao vencer Nigel Mansell e sua poderosa Williams. Essa mesma equipe poderosa que o seduziu cegamente nos anos de 1992 e 1993 graças ao seu poderio tecnológico. Sedução que foi realizada em 1994. O sonho do tetracampeonato infelizmente acabou tragicamente na Tamburello no dia 1º/05/1994.
Senna em números:
161 largadas
41 vitórias
65 poles
3 títulos mundiais
O pequeno Ayrton Senna da Silva |
Toleman Hart, o carro das primeiras proezas |
Senna e McLaren, combinação de sucesso. |
A ambição de pilotar pela Williams foi atendida em 1994. |
Rubens Barrichello
O piloto que mais disputou corridas na F1 é brasileiro, e seu nome é Rubens Gonçalves Barrichello. Técnico e eficiente, Barrichello conseguiu sua longevidade na categoria graças a sua competência e motivação. Extremamente emotivo, Barrichello sofreu muito com as consequências da morte de Ayrton Senna em 1994. Recaiu sobre os seus ombros a responsabilidade de vitórias nacionais na categoria mesmo sem ter condições técnicas e psicológicas para tal. Barrichello foi um dos melhores pilotos de kart em sua época conseguindo 5 títulos brasileiros de Kart. Foi campeão da F-Opel em 1990 e disputou a F3 Britânica e a F3000. Chegou a F1 em 1993 a bordo do Jordan Hart. Fez uma prova memoravel em Donington Park no mesmo ano, abandonando a poucas voltas do fim quando era o 3o colocado. Ficou na Jordan até 1996, conseguindo 1 pole. Topou o desafio de liderar a novata equipe Stewart que tinha apoio total da Ford. Em 3 anos de equipe, reconstruiu sua carreira, conseguiu pódios como em Monte Carlo em 1997 e Magny-Cours em 1999 e graças a sua competência conseguiu uma vaga na Ferrari para a temporada de 2000. Dividir a equipe com Michael Schumacher foi o seu maior desafio na carreira. Sua contratação aumentou novamente o interesse brasileiro pela categoria e suas promessas por títulos aguçou ainda mais o apetite nacional. Erro fatal, pois Michael Schumacher foi soberano, conquistou 5 títulos consecutivos. Restou a Rubens dois vice-campeonatos, em 2002 e 2004. Conseguiu sua primeira vitória na Alemanha, em 2000. Numa corrida memorável, saiu da 18º posição no grid para a vitória. Extremamente emotivo, dedicou sua primeira vitória ao seu ídolo Senna. Ficou na equipe até 2005 de onde saiu brigado com a equipe graças aos privilégios dados ao alemão. Pilotou para a equipe Honda de 2006 até 2008, conseguindo um podio em Silverstone em 2008. Dado como aposentado no final da temporada, ressurgiu junto da nova equipe Brawn para formar dupla com Jenson Button. Conquistou suas duas ultimas vitórias na categoria e a 100a vitória brasileira na F1 em Valência em 2009. Desde 2010 pilota para a equipe Williams.
Barrichello em números:
314 largadas
11 vitórias
14 poles
2 vice-campeonatos mundiais
Barrichello em Kyalami 1993, a alegria da estréia. |
Jordan Hart J194, o carro do 1o pódio em Aida, 1994. |
A bordo do Stewart Ford, respeito conquistado de Jackie Stewart. |
O dia da primeira vitória a bordo da Ferrari |
Barrichello a bordo do histórico Brawn Mercedes. "o melhor que carro que já guiei na F1." |
Barrichello e Frank Williams, a união presente. |
Felipe Massa
Na F1 desde 2002 quando estreou na Sauber, Felipe Massa sempre lutou para provar que é um piloto de ponta. Sua estréia na categoria foi marcada por arrojo extremo, tão extremo que levou broncas de seu então chefe, Peter Sauber. Ficou de fora da categoria em 2003, quando foi piloto de testes na Ferrari, retornou a categoria em 2004 pela mesma equipe suiça. Teve sua grande chance ao ser contratado pela Ferrari em 2006 para substituir Rubens Barrichello. No seu ano de estréia, conseguiu sua primeira vitória na categoria ao vencer o GP da Turquia. Dividiu a equipe com Michael Schumacher, a quem ele tem como ídolo e mentor. Sua vitória no Brasil em 2006 foi consagradora, gerando grande expectativa dos brasileiros quanto ao novo nº 1 do Brasil. Desde 1993 sem vitórias de brasileiros no Brasil, Felipe venceu de ponta a ponta e foi apontado como grande favorito ao titulo de 2007.
Fez uma boa temporada, cometeu alguns erros e contou com erros crassos da Ferrari e ajudou seu então companheiro de equipe, Kimi Raikkonen, a conseguir o titulo mundial lhe entregando a vitória no GP do Brasil. Em 2008 Felipe foi soberbo. Fez uma temporada muito boa, conseguindo seis vitórias incluindo do GP do Brasil, a ultima do campeonato. Perdeu o campeonato na ultima curva quando Lewis Hamilton, seu concorrente direto, ultrapassou Timo Glock, conseguindo o 5o lugar, posição necessária para o seu título. A temporada de 2009 foi traumática, com o acidente na Hungria, Felipe ficou entre a vida e a morte. Se recuperou do acidente e voltou a F1 em 2010 com um novo companheiro de equipe - Fernando Alonso.
Dividir a equipe com o espanhol, considerado por muitos como o melhor piloto da F1 na atualidade, não tem sido das tarefas mais fáceis. Constantemente batido em treinos e corridas, Felipe não tem demonstrado a mesma combatividade de 2006/2007/2008, periodo pré-acidente. Felipe tem enfrentado forte pressão interna e se não obtiver resultados satisfatórios até o final de seu contrato, pode enfrentar uma decadência não prevista em sua carreira.
Massa em números:
133 largadas
11 vitórias
15 poles
1 vice-campeonato
Massa a bordo do Sauber Petronas, estréia na F1 em 2002. |
A bordo da Ferrari em 2006, sonho realizado. |
1a vitória na F1, entre dois pilotos consagrados Alonso e Schumacher. |
Consagradora vitória no GP Brasil em 2006. |
A bordo do Ferrari 2011, lutando para provar que ainda é capaz de vencer. |
Como vimos acima, não são poucos os pilotos nacionais que representam bem nossa bandeira na F1. Muitos criticam a forma nacionalista que alguns ainda utilizam para se referir ao Brasil nos esportes ao redor do Mundo. Para um país que não possui uma verve tão patriota, não custa nada valorizar o que é nacional e dar força e lembrança as estas conquistas.
Sabemos que os tempos atuais da F1 não são tão favoraveis ao Brasil e que trabalhos de base e de infra-estrutura são urgentemente essenciais para o crescimento do automobilismo nacional, em especial monopostos. França, Inglaterra, Alemanha e Finlândia já passaram por situações semelhantes e conseguiram dar a volta por cima. Podemos citar apenas que a França ainda sofre porque desde a aposentadoria de Jean Alesi e Olivier Panis, nenhum piloto francês conseguiu engrenar uma carreira sólida na F1.
É hora de trabalhar mas nós não podemos esquecer das glórias que devemos valorizar.
Parabéns Brasil pelos 189 anos de sua independência!
fotos: www.google.com.br/images
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