sábado, 27 de outubro de 2012

Na Torcida


O Fim da temporada 2012 empolga a todos


Por Fernando Cataldo


Olá Pessoal,

Como é bom voltar aonde tudo começou. Sinto-me honrado em olhar para este website e lembrar como tudo começou quando eu e meu grande amigo Cláudio decidimos dedicar uma pequena parte do nosso tempo livre a essa enorme paixão chamada Fórmula 1.

Senti muita falta de colocar minhas opiniões sobre este esporte que me encanta há tantos anos. Mas a falta de tempo livre começou a falar mais alto e quando comecei minha aventura de viver fora do país dentro de um navio de cruzeiro, tudo piorou. Além da falta de tempo, juntou-se a falta de oportunidade de assistir as corridas ou qualquer matéria feita por algum telejornal e acabei limitado ao que lia na internet, e como sabemos, alguns dos jornalistas que gostam de publicar seus textos sobre F1 geralmente apelam ao sensacionalismo e as suas opiniões próprias, o que dificulta uma leitura mais sincera e pessoal dos fatos de cada corrida.

Mas uma corrida não dá para mudar a percepção de quem gosta e acompanha as temporadas de F1 e suas mudanças, a tabela de classificação.

Esta temporada tem me deixado muito feliz apenas por acompanhar a tabela de classificação de piloto corrida após corrida. Não é segredo para ninguém de quem me conhece quais são meus pilotos favoritos da atual temporada: Kimi Räikkonen, Lewis Hamilton e Fernando Alonso, nesta ordem de importância.

Kimi Räikkonen é o 3º no campeonato com 167 pontos e nenuma vitória.

Lewis Hamilton é o 4º colocado com 153 pontos e 3 vitórias.
    
Fernando Alonso é o 2º colocado com 209 pontos e 3 vitórias.
Para minha total felicidade, estes 3 pilotos estão brigando diretamente pelo título da temporada 2012 e cada um com suas características que fizeram este que vos escreve um grande fã de cada um deles.

Fernando Alonso é o vice-líder do campeonato de forma magnífica e mostrando por que é um dos pilotos mais completos do grid. E muito possível que seu terceiro título esteja mais próximo do que nunca e que sua temporada regular e brilhante com a Ferrari até aqui seja coroada com o título mundial. Vitórias como a do GP da Europa em Valência e do GP da Malásia (tive a oportunidade de assistir ao GP mas apenas ler a respeito do GP europeu), mostram o quanto Alonso consegue aproveitar ao máximo o equipamento que tem a disposição mesmo quando este não é o melhor carro do grid.

Lewis Hamilton faz uma temporada infinitamente melhor do que a de 2011 onde se perdeu em problemas pessoais e que mesmo assim, conseguiu vencer em três oportunidades na temporada. Ao que pude ler, as vitórias no GP do Canadá e GP da Hungria foram destruidoras e não deram a menor chance a concorrência. Sempre com sua característica de "Win or Wall", conseguiu maximar bons pontos nas provas que não teve o melhor equipamento ou as melhores oportunidades e continua brigando pelo seu sonho apesar da recente falta de motivação pela mudança de equipe.

Por último e mais importante, Kimi Räikkonen retorna à F1 depois de 2 anos disputando corridas de rali e apenas preocupado em se divertir com resultados muito impressionantes pelo tempo em que ficou parado e por perder boa parte dos testes de adaptação da categoria com as novas regras com os novos pneus Pirelli. Kimi não possui nenhuma vitória até aqui, mas devido aos seus constantes bons resultados, ainda tem grandes chances de levar o campeonato casa sua equipe Lotus consiga evoluir o carro E20 da maneira necessária para vencer corridas. Na minha opinião, Kimi faz uma temporada igual ou melhor do que a de Fernando Alonso, a única e determinante diferença, é que o espanhol possui vitórias que o "Iceman" não tem. Torcida minha para que Kimi vire o campeonato de cabeça para baixo não falta. 

Espero que a temporada 2012 termine de forma tão sensacional quanto foram as suas etapas ao longo do ano, e que 2013 traga mais emoções ainda com as mudanças que já sabemos até aqui. Mas sobre isso, falarei em outra oportunidade.

Obrigado a todos pela atenção e até breve...

facebook: http://www.facebook.com/fernando.cataldo.3

      

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Automobilismo Finlandês

Fórmula Finlândia


O que faz deste país com pouco mais de 5 milhões de habitantes, frio e cercado de gelo ser potência no automobilismo mundial.

por Cláudio Souza
@claudiosgs

Certa vez, em um bate papo online, tive o prazer de ter uma pergunta selecionada para o bicampeão mundial de Fórmula 1 Mika Häkkinen. A pergunta era: Qual era o segredo da Finlândia ter tantos pilotos bons tanto na Fórmula 1 quanto no rali? E o grande bicampeão respondeu que os finlandeses eram determinados a ponto de viajar dentro de trailers pela Europa Continental em busca de seus sonhos, não desistiam com facilidade de seus objetivos e treinavam muitas vezes em condições super adversas como no gelo e em plena escuridão pois o inverno finlandês tem apenas seis horas de sol por dia. 

Depois da resposta do Mika, comecei a perceber que este país nórdico era especial. São quatro títulos mundiais de Fórmula 1 e quatorze títulos mundiais de rali além de inúmeros títulos nas categorias de base. Tenhos dois colegas suecos, e minha curiosidade fez perguntar a eles o porquê deste crescimento do automobilismo finlandês frente ao sueco sendo que os suecos possuem uma pista de nível TOP como Anderstorp e dois heróis - Ronnie Peterson e Gunnar Nilsonn. 

A resposta dos meus colegas suecos foram idênticas e claras. No automobilismo finlandês, os pilotos da casa são fortemente apoiados por empresas nacionais e os pilotos são determinados (característica do povo finlandês), as famílias entram em seus trailers e saem Europa afora disputando campeonatos. Já o automobilismo sueco sofreu muito após as mortes trágicas de Peterson e Nilson, com isso o automobilismo ficou manchado para o país. As empresas dificilmente apoiam as jovens promessas além do povo não ter o mesmo gosto pelo esporte que anos atrás, dificultando ainda mais o suporte. E a rivalidade existente entre Suécia e Finlândia dificulta ainda mais o desenvolvimento de jovens suecos, porque eles migram para a vizinha ao leste, e não conseguem apoio para o prosseguimento da carreira. 

Jari-Mari Latvala, atualmente um dos heróis finlandeses no rali.
Eis uma pequena amostra da receita do automobilismo finlandês. Empresas apoiando jovens talentos, treinamento sob condições adversas e determinação. O esporte está entre as preferências dos finlandeses, o rali tem maior tradição do que a Fórmula 1 e o grande herói do automobilismo finlandês chama-se Juha Kankkunen.

Juha Kankkunen é Tetracampeão Mundial de Rali. 
Tetracampeão de Rali, estreou em 1979 e finalizou sua carreira em 2002. Disputou 161 ralis, conseguindo 23 vitórias e 75 pódios.

Diferentemente da maioria dos países com tradição no esporte à motor, na Finlândia a maioria dos pilotos começam em mini-carros adaptados, aonde disputam provas em pisos de terra ou gelo. Muitos desses pilotos migram para o kart aonde desenvolvem suas habilidades para a fórmula. Os pilotos que não migram, partem para o rali ou turismo.

Outro grande herói do esporte à motor é Mika Pauli Häkkinen. Bicampeão Mundial de Fórmula 1, maior rival de Michael Schumacher nas pistas, estreou no automobilismo nos karts na sua cidade natal - Vantaa. Dando importância as opiniões dos colegas suecos, Mika teve um patrocínio importante desde as categorias de base até a sua chegada na Fórmula 1. A empresa petrolífera finlandesa NESTE deu suporte na carreira do jovem finlandês.

Mika Hakkinen e o apoio da NESTE

A NESTE apoiou Keke Rosberg em seus tempos de Fórmula 1.
A NESTE patrocinou Mika Häkkinen na Fórmula 3, na sua entrada na Fórmula 1 até a chegada na equipe McLaren, aonde teve que abrir mão do patrocínio por causa do contrato da equipe com a Shell. A NESTE investiu também nas carreiras de Jirkyjarvi Lëhto (o JJ vem de JirkyJarvi), outro contemporâneo de Mika, que iniciou sua carreira na F1 também em 1991 pela equipe Dallara, inclusive conseguindo um heróico pódio no GP de San Marino.

JJ Lehto foi o primeiro finlandês após Rosberg a subir no pódio.
O primeiro piloto finlandês a sagrar-se campeão mundial de Fórmula 1 coube a um sueco naturalizado finlandês. Keijo Erik Rosberg nasceu em 6 de dezembro de 1948 na cidade de Sölna na Suécia. Sua familia mudou-se para Oulu na Finlândia quando Keke era pequeno, esse acabou aderindo a nacionalidade finlandesa. Keke começou tarde no automobilismo, aos 29 anos de idade. Estreou na Fórmula 1 em 1978 e sagrou-se campeão mundial em 1982 com apenas uma vitória na temporada. Largou em 114 GP's conseguindo cinco vitórias e cinco poles. Seu filho, Nico Rosberg, nasceu em Wiesbaden na Alemanha e não fala uma palavra de finlandês apesar de já ter competido pela bandeira finlandesa.

Keke Rosberg, finlandês campeão mundial em 1982.
Todo país que tenha autoridade em automobilismo possui seu templo e a Finlândia também possuiu seu templo, mesmo que desconhecido para o grande público. O autódromo de Keimola foi o grande palco das aventuras dos pilotos finlandeses nos anos 60 e 70. Circuito de alta velocidade, foi palco do início do amor dos finlandeses pelo automobilismo. Assim como Jacarepágua que foi engolido pela ganância imobiliária do Rio de Janeiro, Keimola fechou as atividades por causa das dificuldades financeiras. Hoje, grande parte dos jovens finlandeses partem para a Europa Continental em busca de campeonatos, principalmente na Alemanha ou na vizinha Suécia.

Traçado do então Autódromo Internacional de Keimola.

Cartaz de uma prova de protótipos em Keimola.

Prova inaugural de F2.

MIka Salo e Mika Hakkinen competiram no kartódromo situado em Keimola.
Outra curiosidade relacionada ao automobilismo finlandês é o termo "Finlandês Voador" em inglês "flying Finn" ou em finlandês "Lentävä Suomalainen". Este termo foi designado aos atletas corredores da Finlândia que disputaram as Olímpiadas de 1924. Este termo foi designado ao grande atleta finlandês Paavo Nurmi, detentor de nove medalhas de ouro nas olímpiadas. Com a grande quantidade de finlandeses fazendo sucesso no automobilismo mundial, este termo passou a ser utilizado também aos pilotos. Pilotos de grandes sucesso como Tommi Mäkkinen e Juha Kankkunen ganharam esta alcunha. Keke Rosberg, Mika Hakkinen e Kimi Raikkonen foram os detentores desta alcunha histórica.

Video "The Flying Finns" feito pela Castrol em 1968.

Atualmente na Fórmula 1, a Finlândia possui dois representantes. O campeão mundial de Fórmula 1 de 2007 Kimi-Matias Räikkonen e Heikki Kovalainen. Piloto com grande destaque, jovem Valtteri Bottas está prestes a conseguir uma vaga na equipe titular da Williams tornando-se, provavelmente, no terceiro piloto finlandês na Fórmula 1.
No rali, a Finlândia é representada por Mirkko Hirvonen, Jeri Ketomaa e Jari-Maati Katvala. 

O primeiro piloto finlandês a competir na Fórmula 1 foi Leo Juhani Kinnuen, disputou seis corridas na temporada de 1974 pela equipe AAW. Em 1977 foi a vez de Michael "Mikko" Kozarowitzky, que competiu em duas etapas na temporada de 1977. Em 1978 estreou Keke Rosberg, campeão mundial de F1 em 1982, aposentou-se da categoria em 1986. Após Keke, o próximo finlandês a desembarcar na categoria foi Mika Pauli Häkkinen. Bicampeão Mundial de F1, estreou na categoria em 1991 gerenciado por Keke e apoiado pela petrolífera NESTE. Pilotou para a Lotus de 1991 até 1992. Esteve muito perto da vaga #2 da Williams para a temporada de 1993, mas perdeu o tempo das inscrições e acabou preterido por Damon Hill. Seu empresário Keke, então, conseguiu uma vaga de piloto de testes na McLaren, quando conseguiu sua estréia no GP de Portugal daquele ano. Desde sua estréia até sua aposentadoria em 2001, foram 161 largadas com 20 vitórias, 26 poles, 50 pódios e 25 voltas mais rápidas. É considerado por Michael Schumacher o adversário mais dificil que ele enfrentou nas pistas.

O pioneiro finlandês na F1 - Leo Kinnunen
Mika Hakkinen, Bicampeão Mundial de Fórmula 1.
No mesmo ano de sua aposentadoria, a Fórmula 1 dava as boas-vindas ao novo "finlandês voador". Kimi-Matias Räikkonen estreava a bordo do Sauber. Graças ao lobby do compatriota, conseguiu uma vaga na equipe McLaren, aonde pilotou de 2002 até 2006, quando foi contratado pela Ferrari para substituir o alemão Michael Schumacher. Na equipe inglesa conseguiu dois vice-campeonatos (2003/2005). Na equipe italiana, Kimi sagrou-se campeão mundial de F1 no polêmico ano de 2007. Em 2009 foi despedido da equipe e passou dois anos fora da F1 disputando corridas de rali. Retornou para a categoria em 2012 a bordo do Lotus Renault. Desde sua estréia foram 170 largadas com 18 vitórias, 16 poles, 68 pódios com 37 voltas mais rápidas. Apesar de seu título em 2007, o grande destaque de sua carreira foi sua vitória épica no GP do Japão de 2005, quando foi vencido no campeonato por Fernando Alonso, mas empatou em número de vitórias no ano com o espanhol - 7.

Lendária Ultrapassgem de Kimi sobre Fisichella - Suzuka 2005

Entre a safra vitoriosa de pilotos e títulos finlandeses na Fórmula 1, apareceram outros bons pilotos como Jirkyjarvi Lëhto, que estreou na categoria em 1991 com o mesmo gerenciamento e apoio do conterrâneo Mika Hakkinen. Seu grande destaque foi o pódio no GP de San Marino em 1991. Tivemos o outro Mika, de sobrenome Salo. Para muitos finlandeses, melhor que Hakkinen mas com a cabeça fraca. Seu ponto alto foi o pódio no GP da Alemanha em 1999 pela Ferrari quando substituiu o lesionado alemão Schumacher. Heikki Kovalainen, amante de heavy metal e fã da banda finlandesa Nightwish, estreou na categoria em 2007 a bordo do Renault. Bastante criticado, conseguiu uma vaga na equipe McLaren para ser companheiro de Lewis Hamilton. Seu ponto alto foi a vitória no GP da Hungria de 2008, hoje pilota com competência a nanica Caterham GP. O último desbravador chama-se Valtteri Bottas, campeão da GP2 Series em 2011, é piloto de testes da Williams e muito cotado para assumir uma vaga de titular na equipe. Para a mídia finlandesa, é um potencial campeão mundial. 

Reportagem de Felipe Motta, da radio JP em 2007. 

A Casa de Kimi Raikkonen, por Felipe Motta, radio JP

A Casa de Kimi Raikkonen, por Felipe Motta, radio JP

Tributo aos pilotos finlandeses na Formula 1.