segunda-feira, 30 de abril de 2012

Fim de Semana mais negro da Fórmula 1


Nenhuma palavra é capaz de descrever o que aconteceu naquele fatídico fim de semana no pequeno país de San Marino. Nunca um esporte ficou tão abalado com mortes trágicas de seus esportistas.

Uma tragédia anunciada, pois na sexta-feira anterior a corrida, um terrível acidente assombrou Rubens Barrichello, o então jovem brasileiro que tinha em Ayrton Senna seu principal tutor.

A Fórmula 1 vivia um período de transição. Os grandes pilotos da geração de ouro haviam aposentado ou migrado para outra categoria. Restara apenas Ayrton Senna que estava sentado no melhor carro do grid. O único capaz de deter o brasileiro era o então jovem alemão Michael Schumacher, que na época tinha apenas 2 vitórias no currículo e nenhuma pole-position.

Então, restou a FIA tirar tudo o que havia de melhor da Williams para equilibrar o campeonato. Então todos os recursos eletrônicos foram retirados e os carros passaram a ter uma maior velocidade sem os controles eletrônicos. 

Os primeiros sustos começaram nos treinos de inverno europeu. Jirkyjarvi Lehto se machucou nos treinos com a sua Benetton, e Jean Alesi quebrou algumas costelas em um acidente em Mugello com a Ferrari.

Interlagos e Aída no Japão não tivemos grandes sustos e o Mundial chegou à pista de Ímola, conhecida pela sua alta velocidade. 

Sexta-feira, dia 29 de abril de 1994, Rubens Barrichello sofreu um acidente forte e teve algumas escoriações no corpo.


 Rubens Barrichello, sexta-feira, 29 de abril de 1994.

Todo o mundo da Fórmula 1 ficou chocado com as imagens do resgate do brasileiro e com a brutalidade do acidente. Nenhuma atitude pró-segurança foi tomada e o acidente do brasileiro não foi levado à sério pelas autoridades da Formula 1. O único que demonstrou uma certa preocupação foi Ayrton Senna, que ficou assustado com as imagens.

O sábado amanheceu com o tempo nublado em Ímola, e o mundo da Fórmula 1 se preparava para o treino oficial. Ayrton Senna já marcara o seu tempo e estava nos boxes. Eis que uma Simtek número 32 aparece destruída com a capacete do piloto tombada e uma parte do macacão aparecendo em um rombo no cockpit do carro.

É Roland Ratzemberger, austríaco, 33 anos. Estava iniciando a carreira na Fórmula 1 e estava super empolgado pela oportunidade. Teve nos compatriotas Karl Wendlinger e Gerhard Berger seus melhores amigos nas primeiras corridas na categoria. 

  Roland Ratzenberger, sábado, 30 de abril de 1994.

Roland bateu forte na curva Villeneuve, e seu carro ficou destruído. Foi removido do carro e logo nos primeiros socorros, o então diretor-médico da FIA, o Dr. Sid Watkins atestou a gravidade do piloto. O piloto teve uma parada cardíaca na pista e o reanimaram. Encaminharam o piloto para o Hospital Maggiore em Bolonha aonde veio a falecer mais tarde. 

Era a primeira morte na pista da Fórmula 1 desde Ricardo Palleti em 1982. Elio de Angelis morreu em testes privados da Brabham em Paul Ricard em 1985. A morte do austríaco foi um choque para a categoria, mas não muito para as autoridades da F1. 

Pelas leis italianas, se um esportista morre em um evento, este tem que ser imediatamente cancelado. Após a morte do austríaco, foi cogitado o cancelamento do GP, que foi inacreditavelmente refutada por Bernie Ecclestone. Os interesses econômicos falaram mais alto, e deram prosseguimento ao GP de San Marino.

Tal atitude foi imperdoável. O destino avisou e não tardou em mostrar ao mundo da Fórmula 1 que não poderia ser subestimada.


  Ayrton Senna, sábado, 30 de abril de 1994.

Pelas imagens acima, é claro que o único transtornado com toda a situação era Ayrton Senna. Extremamente chocado com o acidente de Barrichello e a morte de Roland Ratzenberger, o brasileiro chorou ao conversar com o Dr. Sid Watkins e expressou sua indignação com os acidentes. Foi aconselhado pelo mesmo médico a desistir da corrida e da Fórmula 1 pois não tinha mais nada a provar, Ayrton refutou dizendo que não poderia abandonar pelo simples fato que amava o que fazia.

Além de estar abalado, Senna tentou junto com Niki Lauda e Gerhard Berger a reunião da GPDA (Grand Prix Drivers Association) para analisar e debater as condições de segurança da categoria. Sua presença no local do acidente foi contestada pela direção da prova que aplicou-lhe uma advertência. Ayrton Senna não estava em sua plenitude psicológica para encarar uma prova de alto risco.

  Pedro Lamy, domingo, 1 de Maio de 1994.

Senna conseguiu sua 65ª pole position e estava preparado para a corrida. Pela manhã pediu para o seu personal trainer, Julian Jakobs, uma bandeira da Áustria para que, se caso vencesse, faria uma homenagem à Roland. 

Mas a corrida não era para acontecer. Logo na lardada, Pedro Lamy e JJ. Lehto bateram forte e uma pneu voou para as arquibancadas matando espectadores. A corrida ficou cinco voltas com o safety car. 

Sexta-volta, Senna abriu a volta em alta velocidade com Michael Schumacher colado na traseira do seu carro. Na sétima volta, a Williams #2 seguiu reto na curva Tamburello à aproximadamente 300 km/h. Verificando que algo estava errado no carro, Senna freou forte e se chocou com o muro de concreto á 220 km/h. 

O carro azul quase voltou à pista e ficou parado na brita. Senna estava inerte no carro e esboçou uma reação com a cabeça. A chegada do socorro evidenciou o que todos temiam, Ayrton Senna estava em estado grave. 

A grande poça de sangue e o resgate médico via helicóptero mostraram ao Mundo o verdadeiro estado crítico do brasileiro, poucas chances de vida. Naquele momento, a Fórmula 1 anestesiou-se. 

Inescrupulosamente, a direção de prova deu prosseguimento à corrida. Enquanto Senna agonizava no Hospital Maggiore em Bolonha, Michael Schumacher comemorava sua 3ª vitória na temporada, demonstrando total alienação ao Mundo em sua volta. Mesmo sabendo do estado crítico do brasileiro, da morte de Roland no sábado anterior, Schumacher ergueu o braço e saudou sua vitória. O Mundo enojou-se.

 Ayrton Senna, Domingo, 1 de maio de 1994.

 Pneu com o jogo de suspensão atado, peça fatal.
créditos: Toninho Moré ( junior-pprudente )

   Domingo, 1 de Maio de 1994. Dia Negro da F1

É horrível relembrar estes dias, mas o mundo da Fórmula 1 jamais poderá esquecer pois nesses três dias, a Fórmula 1 chegou ao fundo do poço.

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domingo, 1 de abril de 2012

Fórmula 1 - O Melhor da atualidade

Afinal de contas, quem é o melhor piloto da atualidade?


Depois do bicampeonato mundial incontestável e desempenho acima da média, a imprensa mundial não evitou em exaltar o alemão Sebastian Vettel como o melhor piloto da F1 em atualidade e um provável quebrador dos recordes do mito Michael Schumacher.

Começamos a temporada 2012 de F1, e após a evidência queda de rendimento da equipe Red Bull, como um passo de mágica, todos exaltam a competência de Fernando Alonso com uma errática Ferrari F2012 e clamam o espanhol como o "melhor em atividade".

Afinal de contas, quem é o melhor piloto de F1 na atualidade?

Sempre imaginei que Sebastian Vettel fosse um talento nato, um piloto de extrema habilidade e velocidade. Com sua pouca idade, conseguiu pontos logo em sua estréia na F1 a bordo de um BMW-Sauber e uma surpreendente pole e vitória em Monza a bordo de um carro mediano - a Toro Rosso. Sua ida para a Red Bull e a conquista do bicampeonato mundial apenas sacramentaram o talento e sua extrema habilidade no volante.

Vettel, o melhor da atualidade?

Sendo frios analistas, temos que considerar que Sebastian Vettel dispôs do melhor equipamento da F1 nos últimos dois anos e de uma certa preferência dentro da cúpula "taurina". Claro, a "preferência" foi imposta por sua extrema velocidade dentro das pistas e por suas vitórias e poles. 

Após a conquista do bicampeonato, sem medo de cravar, todos disseram: "Vettel é o melhor piloto em atividade na Fórmula 1".

Algumas vozes inteligentes dentro da F1 disseram que veríamos o melhor de Vettel quando este estivesse a bordo de um carro com problemas e veríamos o quão bom é o alemão. Porque são nas dificuldades que vemos a real grandeza dos grandes campeões da Fórmula 1.

Ayrton Senna em 1993...

...e Schumacher em 1996, grandeza em carros inferiores.

Após duas corridas desta temporada, vemos um Sebastian Vettel incomum. Conseguiu um bom 2º lugar na Austrália, mesmo não conseguindo ameaçar a vitória do inglês Jenson Button. E na Malásia, um desconhecido Vettel. Após errar, desrespeitou o indiano Narain Karthikeyan e demonstrou seu lado intempestivo, pouco comum na F1. O alemão parece não estar acostumado em andar atrás, e para um verdadeiro campeão, para o "melhor da atualidade" é preciso sobressair destas situações.

E então chegamos no espanhol Fernando Alonso.


O bicampeão mundial (2005/2006) sempre foi considerado o melhor do "circo" antes da supremacia do alemão Vettel.

Após a conquista do bicampeonato e da aposentadoria de Michael Schumacher em 2006, o espanhol de Oviedo foi considerado o melhor piloto em atividade na F1. Sua ida para a McLaren foi um dos grandes desafios para sua carreira.

A experiência na McLaren não foi boa

O encontro com o novo companheiro inglês Lewis Hamilton não foi das melhores lições para o espanhol. Tendo um grande desafio para demonstrar sua grandeza, Fernando alonso falhou.

Demonstrou um imenso egoísmo e transformou o ambiente da equipe inglesa em um verdadeiro "campo de batalha". Ao invés de demonstrar na pista sua supremacia, tentou desestabilizar o inglês no campo da política. Conseguiu  o que queria, não levou o título, desestabilizou Hamilton e destruiu a moral histórica de Ron Dennis além de chantagear a própria equipe no caso de espionagem com a Ferrari. 

Vitória em Cingapura, 2008 - Totalmente questionável

Retornou a equipe Renault em 2008, e após duas temporadas, demonstrou ter o mesmo temperamento complicado porém dentro das pistas uma maior maturidade. Como todo campeão polêmico, outro caso assolou sua desgastada reputação. O "cingapuragate".

Imposto por Flávio Briatore, então chefe de equipe da Renault, Nelson Ângelo Piquet, então companheiro de equipe, foi forçado a bater propositalmente seu carro para favorecer seu companheiro de equipe Alonso na conquista da vitória no GP cingalês. Quando o caso veio a tona, todos se perguntavam se Alonso não sabia da tramoia. O espanhol foi enfático ao dizer que não sabia de nada e acabou deixando no ar a dúvida quanto ao seu conhecimento. Se formos buscar no histórico de falcatruas do espanhol, é dificil acreditar que não sabia de nada.

Essas questões extra-pistas atrapalharam na análise fria de sua grandeza dentro das pistas. Tanto que o aparecimento de talentos como Lewis Hamilton, o ressurgimento de Jenson Button e do talento nato de Sebastian Vettel fizeram com que a imprensa mundial deixasse a "grandeza" de Fernando Alonso de lado. 

Minha opinião particular, sou fã do estilo de pilotagem de Lewis Hamilton e me fez pensar várias vezes como o "melhor piloto da F1 da atualidade", mas ultimamente tenho percebido que pelo conjunto da obra, pelo seu histórico na categoria, pela experiência e pelo que tem demonstrado dentro e fora das pistas, essa pergunta tem uma resposta seca - Jenson Button.



por Cláudio Souza
@claudiosgs

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