domingo, 5 de setembro de 2010

Carlos Reutemann

El Lole disse: "NÃO!"

Jacarépagua, 1981

O domingo estava chuvoso em Jacarepaguá naquele ínicio de tarde do dia 29 de março de 1981. O Grande Prêmio do Brasil era a segunda etapa do Mundial de Pilotos e Construtores de F1 e a equipe Williams se constituia em uma das principais forças. Após vencer o Mundial de 1980 com Alan Jones, a equipe começou na frente com o australiano em Long Beach, local da primeira prova. Jones tinha feito a pole nos Estados Unidos e vencido a prova, começando bem a sua busca pelo bicampeonato. No Brasil, apesar da pole position de Nelson Piquet, com Brabham, o argentino Carlos Reutemann, companheiro de Alan Jones, assumiu a ponta. Para Patrick Head e Frank Williams a situação era perfeita. A equipe já fizera a dobradinha nos Estados Unidos e repetiria a dose no Rio de Janeiro. Os dirigentes da equipe decidiram que o melhor para o campeonato seria a vitória de Alan Jones.

Com esse racíocinio, ordenaram que Reutemann permitisse a ultrapassagem de Jones. Só que esse argentino, conhecido como "El Lole" e em sua décima temporada de F1, tinha outros planos. Ele fora 3º colocado no campeonato anterior, que marcou a sua estréia na Williams, e certamente achava que chegara a sua vez de ser campeão. Não adiantaram as ordens, Reutemann não obedeceu e venceu naquele dia o GP do Brasil pela quarta vez ( além do extra-oficial de 1972, faturara os de 1977 e 1978. )

A ordem da equipe bem expressa na placa - JONES_REUT

Reutemann brinca com a placa que lhe foi mostrada no Brasil, agora REUT_JONES

A equipe ficou revoltada e Alan Jones nem foi ao pódio receber seu prêmio pelo 2º lugar. O clima ficou ruim na equipe e Carlos Reutemann fechou o ano como vice-campeão, perdendo para Piquet. Além do Brasil, venceu só mais uma, na Bélgica. Jones, por sua vez, só voltou a vencer em Las Vegas, prova que Reutemann precisava vencer para ser campeão.

Resumo GP Brasil de F1 - 1981

Opinião:
Essa atitude do argentino Carlos Reutemann demonstrou que é preciso ter personalidade e coragem para peitar sua equipe e impor a esportividade. Fórmula 1 é feito por homens acima de tudo. Será que essa dose de coragem e personalidade que sobravam em pilotos como Carlos Reutemann e Nelson Piquet, faltam nos pilotos de hoje em dia ?
Deixo a resposta com vocês...
Abraços e Boa Leitura!

Texto Extraido da Revista Motorsport Brasil
Ano 1 - Nº 7
Por Américo Teixeira Jr.


3 comentários:

Fernando Cataldo disse...

Essa F1 só veremos caso uma ordem deste tipo venha para pilotos como Hamilton, Alonso, Button, Webber e alguns outros poucos.

Fora isso, continuaremos a ver o que nos deixou triste no dia 27 de julho na alemanha.

Tatiane Lima disse...

Como sempre, não entendo nada do esporte. No entanto, o texto foi muito bem escrito! Ou transcrito.
Acredito que não só na fórmula, mas na sociedade em geral houve uma quebra absurda de valores e dentro disso estão a coragem e a personalidade.
É mais fácil ser igual ao que já existe do que assumir uma nova postura/ ideia e seguir em frente, superando as dificuldades e assumindo as consequências.
Beijo!

Raphael Mesquita Siqueira disse...

Acho que a fórmula 1 de hoje esta a milhas e milhas de distância da fórmula 1 de 1981. Acho uma grande viagem utópica fazer este tipo de comparação, hermanos. A dependência que uma equipe e um piloto tinha em um patrocinador naquela época era forte sim, mas nem beira o poder que eles tem sobre a equipe hoje. Não sonhem, a FERRARI sempre foi assim e não vai deixar de ser com MASSA , Alonso , patolino ou pica-pau. Aliás, se fosse o inverso, com um brasileiro na posição do Alonso, não veríamos essa choradeira generalizada.

Os brasileiros primeiro precisam aprender a perder, para voltarem a ganhar alguma coisa na F1.

Ótimo post, hermanos.