segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O Outro Lado da Moeda


Porquê a Alemanha se tornou referência no automobilismo mundial ?

Voltando 20 anos atrás, se olhassemos para as principais categorias de automobilismo mundial, teríamos bons pilotos alemães disputando campeonatos de turismo bancados pela Mercedes-benz, e olhando para as categorias fórmula, você não conseguiria achar nenhum talento alemão que você tivesse coragem de apostar que seria um futuro campeão mundial de F1. Naquela época, os grandes celeiros ainda eram a França ( do mestre Alain Prost e da estrela em ascensão Jean Alesi ), Brasil ( dos campeões Senna e Piquet ) e a Inglaterra dos inúmeros pilotos formados pelas fórmulas de base.

20 anos se passaram, muita água rolou, e a Alemanha praticamente dominou toda e qualquer categoria fórmula no momento, seja com pilotos ou com investimentos.

Na Fórmula 1 tivemos a prova mais real desse "poderio" alemão, com o surgimento do meteoro Michael Schumacher, que entrou na Fórmula 1 bancado pela Mercedes-benz e pulverizou todos os recordes da categoria. No turismo, Bernd Schneider continua sendo o "rei" da DTM alemã aonde pilotos de várias nacionalides participam. Na A1GP, a Alemanha sempre foi a melhor equipe, o país é o atual campeão da Race Of  Champions, e na F1, o país teve na temporada 2009, 5 representantes cujo um se destaca como futuro campeão - Sebastian Vettel.


A Sauber-Mercedes em 1990
Em sentido horário: Schlessr, Mass, Peter Sauber, Michael Schumacher e Karl Wendlinger

Talvez a resposta mais simples para todo esse sucesso seria Michael Schumacher, porem vou mais além, acredito que a resposta seja Mercedes-Benz. A Montadora alemã investiu pesado na formação de jovens pilotos no começo da década de 90, e a mudança de mentalidade ( tirando o foco do turismo e investindo na F1 ) apenas solidificou o sucesso alemão na categoria. O Primeiro piloto da montadora a ser colocado na jaula com os leões ( F1 ) foi Michael Schumacher, considerado na época o mais "fraco" dos 3 pilotos em formação ( Heinz Harald Frentzen e Karl Wendlinger eram os outros dois pilotos ).

A montadora precisava de um piloto com experiência na F1 quando ela chegasse na categoria, e resolveu bancar a estréia do Schumacher na Jordan em 1991 graças a determinação do empresário Willi Webber, responsável pela carreira de Schumacher.
O Sucesso foi tamanho que a ida de Schumacher para a Benetton foi bancada por um ex-funcionário da Mercedes, o escôces Tom Walkinshaw que viu no jovem alemão um talento nunca antes visto.

A Mercedes-benz estreou na F1 de fato em 1994, com a Sauber e os pilotos Heinz Harald Frentzen e Karl Wendlinger, seu outro pupilo já era "estrela" na categoria pilotando a Benetton e "peitando" adversários como Ayrton Senna, Nigel Mansell e Alain Prost.
Após o bicampeonato do Michael Schumacher em 1995, o mais provavel seria a união Schumacher-Mercedes acontecer na McLaren, para onde a montadora tinha migrado. Só que, o piloto resolveu aceitar o desafio da Ferrari e a Mercedes teve que se concentrar na sua parceria com a McLaren.

O resultado desta equação só trouxe beneficios para o automobilismo alemão. Com o dueto Schumacher-Mercedes "dominando" a categoria, novos investidores alemães desembarcaram na categoria. Alguns exemplos como Deutsche Telekom, Deutsche Post, cervejaria Bittburger, RTL, chamou o interesse da rival BMW e novos pilotos alemães começaram a ter as portas abertas para a categoria. E nesta porta vieram Ralf Schumacher, Nick Heidfeld e logo depois, Nico Rosberg, Timo Glock, Adrian Sutil e o mais talentoso de todos - Sebastian Vettel.



Eddie Jordan e Michael Schumacher em 1991

O Poderio alemão é tão forte que eclipsou a fama francesa de jovens talentos, esfriou a safra de pilotos ingleses ( só para recordar, Lewis Hamilton foi "apadrinhado" por Ron Dennis e "abençoado" pelo dinheiro da Mercedes-benz ) e deu um belo nocaute no "reinado" de pilotos brasileiros.

O resultado de todo investimento alemão foram: 7 titulos mundiais de pilotos ( Michael Schumacher estreou na F1 graças a montadora ), 3 títulos mundiais como fornecedores de motores ( 1998 e 1999 com a McLaren e 2009 com a Brawn GP ), Schumacher pulverizou todos os recordes da categoria, vários investidores alemães vieram para a categoria, e a Fórmula 1 girando em torno do capital alemão.

A Temporada 2010 de Fórmula 1 pode ter até 6 representantes alemães ou até 7 se Schumacher voltar da aposentadoria, então fica claro que graças a Mercedes-benz, o "poderio" alemão continuará na categoria por no mínimo mais uma geração.
Talvez quem possa deter esse poderio seja a Espanha, cujo interesse tem crescido graças ao sucesso de Fernando Alonso ou o "exército" inglês bancado pela inglesa McLaren.



A Respota do reinado alemão: Mercedes-Benz

Finalizando as conclusões, olhando para a situação atual do Brasil, vemos que, se não for no talento natural do sobrenome ou na determinação de algum empresário do ramo de esporte à motor, é altamente possível que o Brasil fique ainda por algumas décadas longe desse "reinado".

2 comentários:

Fernando Cataldo disse...

Vendo essa realidade alemã dentro da F1 (para não mencionar automobilismo), vemos o quanto o Brasil esta atrasado. Se nossas empresas fãs de velocidade resolverem participar da festa apenas quando ela chega no pais e eliminando (pra piorar, elitizando) a evolução do esporte por aki, temos grandes chances de ver a F1 sem nenhum representante brasileiro dentro da próxima década.

Anônimo disse...

Importante ressaltar que a Mercedes exerceu este mesmo papel na decada de 1930 - considerada a decada de ouro dos GPs. Junto com a Auto Union (hoje audi) eles introduziram uma verdadeira armada alemã, restando apenas Tzio Nuvolari como rival