domingo, 31 de outubro de 2010

As pistas favoritas...

Estamos chegando ao final de mais uma temporada de F1 com os GP's de Interlagos e Abu Dhabi acontecendo nas próximas semanas. A disputa pelo título ainda está longe de ser definida e o ano de 2010 prestes a entrar para a história como um dos campeonatos mais disputados dos últimos anos, talvez da década.

Mas o foco aqui não é falar da disputa e/ou dos espetáculos por si só, mas sim dos palcos onde vimos maravilhosas apresentações de ousadia, técnica, perícia e muita coragem de alguns dos melhores pilotos do planeta.

Nos últimos anos, presenciamos parte da história da categoria ser atualizada com a renovação das pistas do calendário. Perdemos muito com a saída de San Marino, Magny-Cours, Nürburgring, Donnington Park, além da mutilação de Hockenheim entre outros palcos clássicos que acompanhamos por muitos anos. Tudo isso para a entrada de novos autódromos ultra-modernos e, na maioria das vezes, sem um traçado interessante para boas corridas.

Apesar das mudanças, a intenção agora não é celebrar a "morte" destas pistas ou falar mal das novas. Li em algum lugar na internet que não foi a F1 que mudou e sim a maneira de olharmos para ela e a incapacidade de pensar e comparar sem a "maldita" nostalgia. Tudo que é novo também pode ser bom, mesmo quando é diferente. E eu concordo com isso e admito também que tinha um certo preconceito com algumas das novas pistas do calendário. Mas para minha surpresa, umas das minhas pistas preferidas entre todas as que conheço, veio nesta nova safra de autódromos especialmente encomendados para categoria.

Estas novas pistas possuem suas próprias características, bem diferentes das mais antigas, mas tão belas como as outras em suas épocas. Temos exemplos também de pistas clássicas que não funcionam mais para a F1, mas isso é pouco falado em qualquer lugar. Muito se fala, escuta e lê da padronização dos traçados, mas e das pistas que precisam urgentemente serem trocadas? Para não citar muitos nomes, uso como exemplo apenas a pista da Hungria onde o sábado de classificação é muito mais emocionante do que qualquer corrida por lá. E reforço que neste caso, nem a chuva salva.

Há alguma pistas que estão na categoria há anos e que resistiram a essa renovação permanecendo na F1. Estes palcos conseguem nos proporcionar grandes espetáculos com boas disputas na pista e com ótimas ultrapassagens, ponto máximo de satisfação para um fã de velocidade. São um dos grandes motivos pelos quais os mais nostálgicos acordam cedo, ou dorme tarde na madrugada, para acompanhar uma corrida onde é certo que algo emocionante irá acontecer.

Assim como todos aqui, tenho a minha lista de pistas favoritas dentro do atual calendário e, como podem ver abaixo, destaquei quatro etapas como as minhas favoritas considerando três das mais clássicas e uma desta nova geração, mostrando que boas corridas são feitas de bons momentos, independente da época, se o autódromo é moderno ou antigo, sejam nos anos 80, 90 ou 2000 ou de quem desenhou o seu traçado, inclusive Hermann Tilke.
  • Spa-Francorchamps – GP da Bélgica:
Como falar de Spa-Francorchamps sem exaltar a opinião pessoal? Sem mostrar para todos, o que muitos já sabem, que este é o meu circuito favorito entre todos os existentes no mundo inteiro? Sim, pessoal. De todas as pistas que ainda fazem parte e as já extintas etapas do calendário atual da F1, o GP da Bélgica é o que mais me prende atenção em todo a temporada. Arrisco a dizer que me fascina mais do que a corrida no quintal de casa, Interlagos.

Onde mais encontraríamos uma curva feita a mais de 300km/h pelos carros mais velozes do planeta? Uma pista que passa por duas cidades belgas, Spa e Francorchamps? É completa para os pilotos onde a habilidade é predominante em suas características. Com curvas de alta velocidade, como a Eau Rouge, e curvas de baixa como a Bus Stop, o traçado belga é fascinante também pelo seu visual que contempla as tradicionais moradias daquela região européia com as florestas do país frio. A previsão é tão dinâmica quanto os acontecimentos durante a corrida. Em uma mesma volta, é possível o piloto encontrar em pontos diferentes da pista, chuva forte, chuva fraca e quiçá, um trecho seco.

spa2
Assim como em Mônaco, Ayrton Senna reinou no circuito belga com 05 vitórias nos anos de 1985 (sua segunda vitória na categoria), 1988, 1989, 1990 e 1991 com apresentações convincentes vencendo todos os adversários. Após o reinado de Senna, nas edições de 2004, 2005, 2007 e 2009, a Bélgica viu um novo "Rei" surgindo pelo traçado, o finlandês Kimi Raikkonen. Vale lembrar que não houve GP da Bélgica no ano de 2006 e na edição de 2008, Kimi abandonou há poucas voltas do fim com um acidente na pista molhada.
Por inúmeros motivos, Spa-Francorchamps é uma pista sensacional e tiraria muita atenção da F1 se saísse do calendário oficial, o que eu espero que nunca aconteça.
  • Istanbul Park – GP da Turquia:
A pista da Turquia é, sem duvida, uma das mais fascinantes da temporada. A grande surpresa para muitos desta etapa estar presente na minha lista, é pelo fato de fazer parte da nova safra de traçados oferecidos especialmente pelo projetista alemão Hermann Tilke. Para muitos, a pista não passa de mais uma entre as demais que já temos e sem nenhum atrativo especial.

Eu descordo de quem tem este pensamento sobre Istanbul Park. Assim como a Eau Rouge, na Bélgica, temos uma das curvas mais desafiadoras de todas as pistas da F1, a "Curva 8" feita em alta velocidade, chegando a 270km/h mais precisamente e em um formato inédito na categoria, com 4 "pernas" para a direita e sem a necessidade de colocar o pé no freio no seu percurso.

Turquia
Em 5 edições (faz parte da F1 desde 2005), a pista da Turquia foi dominada por Felipe Massa nos anos de 2006, 2007 e 2008 sempre com pole position e vitória do brasileiro. Mas não só desta informação viveu o GP Turco, em todas as edições, ótimas corridas foram vistas por lá como a grande disputa pela liderança neste ano de 2010 entre os companheiros de equipe Jenson Button e Lewis Hamilton.

Apesar da pouca idade da pista, Istanbul Park tem grande potencial para se tornar um dos palcos da F1 onde já sentaremos para assistir corridas sabendo com certeza de que veremos cenas inesquecíveis.


  • Interlagos – GP do Brasil:
Interlagos, a pista que é o orgulho nacional. Palco de outras categorias como a StockCar, F-Truck entre outras. Que já passou por reformas e reestruturações, tudo para não perder o seu melhor cliente, a F1.

Impossível não considerar esta pista como uma das mais importantes do calendário atual da categoria e isso não sou eu que estou dizendo, e sim o histórico pois desde 2005, foi o local escolhido para a decisão de todos os títulos desde então. Bem de perto, o público brasileiro viu a conquista do bi campeonato de Fernando Alonso, o título de Kimi Raikkonen em seu ano de estréia, o fenômeno BrawnGP conquistar o título de pilotos com Jenson Button e o de construtores em 2009, seu ano de estréia.

    interlagos2
Um passeio no tempo também nos leva a 1991 quando Ayrton Senna (sempre ele) nos brindou com uma fantástica vitória, a sua primeira no seu tão amado país, em circunstancias únicas e que só um herói nacional poderia enfrentar e superar como o fez.
Como todo circuito clássico com uma vasta história dentro do automobilismo, algumas peças da pista de Interlagos falam por si só e são referencias. Curvas especiais como o próprio S do Senna, onde o próprio piloto ajudou a desenhar, a Curva do Sol, o Pinheirinho entre outras. O traçado de Interlagos é tão único como cada um dos circuitos que ainda fazem parte da história da F1.
  • Montreal – GP do Canadá:
Circuito Gilles Villeneuve. A homenagem é mais justa do que qualquer reta ou curva do circuito apertado ao redor do parque na simpática cidade do Canadá.
Grandes exemplos de grandes fatos, manobras e corridas temos nesta pista. Para não irmos tão longe no passado, como não lembrar da ultrapassagem dupla de Felipe Massa em cima de Barrichello e Kovalainen em 2008? O acidente de Robert Kubica em 2007 e, exatamente um ano depois em 2008, sua primeira vitória? O muro dos campeões, onde quem ainda não bateu por ali, não é um piloto de verdade.
canada
A pista de Montreal esteve fora do circo da F1 no ano de 2009 por motivos burocráticos e, tão logo voltou em 2010, já trouxe consigo um grande sorriso exposto nos fãs da categoria e, principalmente, em todos os pilotos da categoria.
O traçado desta pista desperta tudo o que há de melhor em cada piloto, desde sua agressividade e velocidade pura até a inteligência e cautela pois tudo isso é necessário para as corridas realizadas por lá. E que vença o melhor, como sempre aconteceu no Canadá.
Para quem gosta de corridas, o importante em uma etapa é o despertar daquela emoção, aquele pulo do sofá e a certeza de que estamos presenciando em nossa frente, algo histórico. E saber que as duas semanas seguintes serão intermináveis a espera da próxima corrida, seja na Ásia, Europa, Américas ou em qualquer outro canto de qualquer mundo.

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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Uma Estrela Ascendente

Kamui Kobayashi


O Jovem japonês vai conquistando fãs ao redor do Mundo com suas arrojadas ultrapassagens, veja nesses três videos abaixo, o jovem garoto, então com 12 anos, desafiando no kart um dos únicos dois pilotos japoneses a ter conseguido um podio na F1 - Aguri Suzuki. Reportagem de Shoji Sadaoka - TV Japonesa.

Parte 1 - Legendado

Parte 2 - Legendado

Parte 3 - Não-Legendado





加速のカムイ!
Acelera Kamui !

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Patrocinando a brincadeira...

Com o passar dos anos, a F1 tornou-se cada vez mais profissional e com isso, os valores de uma temporada para cada equipe tornaram-se mais altos a cada ano.

Diretamente ligado aos resultados durante o campeonato, está o orçamento da equipe para investimentos e tecnologias sempre mais caros e modernos. Desde a contratação dos melhores engenheiros até as viagens de um país ao outro, todos os passos tomados por uma equipe são calculados detalhamente junto a este orçamento.

Com isso, a figura do patrocinador tornou-se muito mais importante para uma equipe pois a luta nos dias atuais não é apenas pelos melhores resultados, mas também para se manter na categoria mais cara do mundo da velocidade.

Em 2010, tivemos grandes exemplos de como o dinheiro investido gera boas performances e que por sua vez, atrai mais patrocinadores para a equipe viabilizando novos investimentos e acontecendo assim, um ciclo vicioso entre patrocinadores, bons resultados e mais patrocinadores.

Para ilustrar melhor esta situação da categoria, vamos analisar 5 épocas diferentes das equipes Renault e Sauber durante a atual temporada dando ênfase a quantidade de marcas de patrocinadores expostos em seus carros.

Lançamento do novo carro – Janeiro de 2010.

Renault F1 Team:
renaultlancamento

No início do ano, a equipe lançou o seu carro, o R30, praticamente sem nenhum patrocinador de expressão, apenas os fornecedores básicos do time. A foto acima mostra o patrocínio da TW Steel, marca de relógios parceira da equipe desde 2009 e os fornecedores Bridgestone e Total/ELF, pneus e combustível respectivamente. Com os escândalos envolvendo profissionais da equipe durante a temporada anterior, os principais parceiros da equipe abandonaram o barco ainda em 2009, o que deixou o ano de 2010 incerto para a equipe francesa  que foi salva após um acordo com a Genni, empresa de consórcio que não leva seu nome na carenagem da equipe, apenas nas hastes que sustentam as rodas dianteiras.

Sauber Motorsport:

Formula One World Championship
Peter Sauber recomprou sua equipe após o anúncio de decisão da BMW de abandonar a categoria após 3 temporadas como independente e com isso, veio a nova época de seca de patrocínios. Praticamente todos os parceiros da época da BMW foram embora com a montadora alemã deixando a Sauber com um piloto inexperiente, porém promissor (Kamui Kobayashi), e um experiente sem nenhum apelo de marketing (Pedro De La Rosa). Com isso, o carro C29 foi lançado apenas com os fornecedores básicos como a Bridgestone e um patrocinador, a marca de relógios suíça Certina, única sobrevivente após a saída da BMW.


GP da Austrália – Março de 2010:
Após a estréia das equipes no GP do Bahrein com a mesma carenagem exibida nos lançamentos dos carros, a equipe Renault colheu os frutos da contratação de Robert Kubica, um dos principais nomes do grid nos dois anos anteriores e conseguiu os primeiros parceiros para preencher os primeiros espaços vazios em seu carro.
Já a Sauber, permaneceu como foi lançada já que, aliada ao fatos dos pilotos não serem muito expressivos, o resultado da primeira etapa não foi nada animador para investidores em potencial com o abandono de seus dois pilotos ainda na primeira metade da corrida.

Renault F1 Team:
renaultaustralia
Para a segunda etapa do campeonato, a equipe francesa conseguiu o apoio das marcas da HP e DIAC e com isso, alcançar melhores resultados tornaram-se possíveis como o próprio Kubica chegando na segunda colocação nesta mesma corrida. Claro que o pódio não foi obra do patrocinador, mas encheu os olhos dos investidores e aumentaram a visibilidade da equipe para novos parceiros.

Sauber Motorsport:
sauberaustralia
Nada mudou no carro da equipe suíça e eles continuaram sem nenhum patrocinador e com isso, sem nenhum novo apoio financeiro.

GP da Turquia – Maio de 2010:
A sétima etapa da temporada já trazia um cenário diferente para ambas equipes, tanto em questão de resultados como em número de parceiros de investimento.
Enquanto a Renault continuava uma linha crescente de bons resultados e novos parceiros, a equipe Sauber colhia os frutos do amadurecimentos de seus pilotos com resultados melhores que no início da temporada, o que trouxe os primeiros patrocinadores, ainda que pequenos e talvez sem fazer muita diferença no orçamento da equipe.

Renault F1 Team:
Vitaly Petrov (RUS) Renault R30.
Formula One World Championship, Rd 7, Turkish Grand Prix, Qualifying Day, Istanbul Park, Turkey, Saturday 29 May 2010.
Além da HP e da DIAC, o governo russo resolveu aumentar o apoio a equipe francesa – que já era presente devido a Vitaly Petrov ser o primeiro piloto russo na categoria – através da marca de veículos LADA. Além da marca russa, a Movit, que além de ser a fornecedora de freios, passou a ser patrocinadora, e a Trinar Solar, empresa de energias alternativas. Após 7 etapas, a equipe já somava 5 novos patrocinadores desde o lançamento do carro.

Sauber Motorsport:
Pedro De La Rosa (ESP) BMW Sauber C29.
Formula One World Championship, Rd 7, Turkish Grand Prix, Qualifying Day, Istanbul Park, Turkey, Saturday 29 May 2010.
Discretos, porém presentes. Esse era o lema dos novos (e únicos) patrocinadores da equipe suíça até aqui. A Emil Frey, empresa da indústria automobilística da suíça, passou a expor seu logo na única peça com função aerodinâmica permitida no atual regulamento da F1. Graças ao sucesso de Kamui Kobayashi, um dos melhores pilotos japoneses a competirem na F1, a Scalp-D, empresa japonesa de cosméticos passou a fazer parte da equipe Sauber mas também com uma exposição discretíssima com sua marca exposta no canto do aerofólio traseiro e com seu logo em japonês. Após 7 etapas da temporada 2010, a Sauber havia conquistado apenas 2 patrocinadores para parceria.

GP da Alemanha – Julho de 2010:
Chegamos a 11ª etapa da temporada e a situação de patrocinio das equipes não mudou muito. Com resultados não muito expressivos da Renault e Sauber, ambas equipes continuaram com suas carenagens praticamente iguais por 4 etapas desde a ultima "atualização" visual.
Entretanto, com o dinheiro já investido nas equipes até aqui, a equipe francesa tem grande vantagem na pontuação da tabela.

Renault F1 Team:
renaultalemanha
Apesar dos resultados continuarem, de certa forma, positivos, a equipe Renault não acrescentou muita coisa ao seu portfólio de parceiros, apenas a empresa de design gráfico Helvetica passou a ilustrar o carro logo ao lado do logo da DIAC.

Sauber Motorsport:
sauberalemanha
A Sauber realmente permaneceu sem nenhuma novidade para a etapa alemã do campeonato, exceto o logo de comemoração do 40 anos da equipe dentro automobilismo. Vale a pena lembrar que a Sauber entrou na F1 muito tempo depois de iniciar suas participações em competições automotivas.

GP do Japão – Outubro de 2010:
A última etapa realizada pela F1 mostrou uma grande evolução de ambas equipes na área de marketing. Resultado da evolução e renovação de contrato para 2011 de Kamui Kobayashi, o amadurecimento de Vitaly Petrov, a entrada de Nick Heidfeld para a equipe e os bons resultados e performances de Robert Kubica, novos patrocínios vieram para as duas equipes.

Renault F1 Team:
renaultjapao
Após alguns pódios de Kubica e importantes pontos de Petrov, a Renault aumentou sua visibilidade e, além de garantir evoluções para o carro como F-Duct, pode começar o desenvolvimento do carro de 2011 com mais tranqüilidade. Abaixo, os atuais patrocinadores da equipe francesa que foram conquistados durante a temporada:

  • HP;
  • LADA;
  • Trina Solar;
  • Movit;
  • SNORAS Bank;
  • DIAC;
  • Helvetica;
  • Vyborh Shipyard;
    Ao total, a Renault F1 Team conquistou 8 patrocinadores ao longo da temporada 2010 de F1, até o momento.

    Sauber Motorsport:
    sauberjapao
    Como resultado do efeito "KobaShow", a equipe Sauber pode garantir sua permanência na categoria em 2011 assim como alguma atualizações no atual carro. Abaixo, os atuais patrocinadores da equipe suíça que foram conquistados durante a temporada:
    • Mad-Croc Energy Drink;
    • Scalp-D;
    • Emil Frey;
    • Planex Group;
    Ao total, a Sauber Motorsport conquistou 4 patrocinadores ao longo da temporada 2010 de F1, até o momento. Isso significa exatamente a metade dos patrocinadores da Renault.

    Este cenário mostra que uma equipe deve pensar em diversos tópicos ao tomar suas decisões no inicio de cada temporada. A partir da fabricação de um carro competitivo, pilotos com maior apelo para o marketing como Robert Kubica, ajudaram a equipe francesa a arrecadar mais investimentos para se desenvolverem ao longo da temporada e já começar a preparação para próxima.

    Esta também é uma demonstração de que as portas para entrada na F1 atual não são tão fáceis como parecem já que não basta você ter talento mas também precisar se encaixar nos planos de imagem da equipe. Isso sem contar já ter um bom patrocinador para te apoiar, pois não existe equipe que não precise de mais dinheiro.

    Créditos de imagens: F1 GP Update.

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    quinta-feira, 14 de outubro de 2010

    Trailer do Filme "SENNA"


    Estréia do filme prevista para 12 de Novembro de 2010 ( Brasil )
    Direção: Asif Kapadia
    Roteiro: Manish Pandey
    Produção: James Gay-Rees, Tim Bevan e Eric Fellner


    sexta-feira, 8 de outubro de 2010

    Teoria da Evolução e Involução

    A Evolução e o Retrocesso


    Assim como na evolução humana, os pilotos também evoluiram tecnicamente com o passar dos anos, mas houve uma involução perceptivel na personalidade do esportista.

    Estamos chegando a mais uma decisão de Mundial de F1, e verificamos mais uma vez o renascimento do bravíssimo espanhol Fernando Alonso, que surpreendentemente entrou na luta pelo tricampeonato mundial. O espanhol, pioneiro de títulos e vitórias na categoria pelo seu país, vai tentar entrar de uma vez para a história da F1, mas analisando seus ultimos acontecimentos tanto esportivos quanto morais, é dificil engolir o fato de Alonso entrar para a história como um dos grandes, mas por que?
    Alonso como piloto é espetacular. Arrojado, rápido e cerebral quando precisa ser, Fernando é de uma estirpe de pilotos cujo a evolução vem se mostrando permanente desde os anos 70. Mas seu caráter moral dentro das pistas e em algumas ações fora dela, prova que com o passar dos anos, houve um retrocesso brutal nesse aspecto em comparação com os anos 70.

    Moralidade e esportividade, cada vez mais distante um do outro

    De acordo com o estilo de pilotagem, o primeiro piloto desta "dinastia" foi Ronnie Peterson. O sueco falava pouco mas acelerava muito e tinha uma extrema habilidade para controlar seus carros. Suas manobras controladas nas quatro rodas conquistou fãs mesmo sem ter sido campeão mundial. Extremamente calmo, era de personalidade tranquila e não tinha apreço por confusões. Oportunidades não lhe faltaram tendo Colin Chapman como chefe. Morreu em 1978 depois de ter aceitado condições super adversas para correr na equipe Lotus de Colin.

     Peterson conquistou fãs na década de 70 graças ao seu arrojo.

    De personalidade tranquila e apaziguadora, faltou-lhe um pouco mais de bravura.

    Apos o falecimento do sueco, o canadense Gilles Villeneuve apareceu com um estilo semelhante, porem com mais agressividade. O canadense era arrojo puro e não desistia fácil de uma batalha pela vitória. Sua habilidade no controle de seus carros era única e, em sua época, era considerado o mais arrojado de todos. Gilles foi o grande ídolo da Ferrari e conseguiu um vice-campeonato em 1979. Aceitou as ordens do chefão Enzo Ferrari e não atrapalhou os planos da equipe em privilegiar Jody Scheckter tamanha sua fidelidade a Scuderia.

    Gilles, sem sombra de dúvidas, era a evolução esperada de Ronnie Peterson. Aliava o atrevimento e o carisma que faltavam no sueco com o arrojo e a habilidade. Faltou-lhe um pouco mais de esperteza e concentração para vôos maiores. Seu caráter era amplamente elogiado no circo da F1 e seu então chefe, Enzo Ferrari, cansou de enaltecer sua personalidade exemplar. Morreu em 1982 nos treinos em  Zolder, na Bélgica.

    O Arrojo de Gilles marcou uma Era na F1

    Farto em arrojo e coragem, faltou-lhe malícia para ser campeão.

    A Fórmula 1 esperou por apenas dois anos para ver a evolução de Gilles. Em 1984 estreava Ayrton Senna da Silva. O Brasileiro deixou suas credenciais no GP de Mônaco com um desempenho debaixo da chuva tipica das melhores corridas do canadense. Ultrapassou, raspou o pneu no muro várias vezes, controlou com habilidade o carro em condições adversas e quase venceu a corrida. Sua vida na Fórmula 1 foi marcada pela sua extrema coragem, determinação, arrojo puro e controle mental, algo que faltou nos dois pilotos antecessores. Senna aliou toda sua habilidade com o poder de concentração aliada a condição física para conseguir seus três títulos mundiais em lutas ferozes contra os seus rivais.

    Senna tinha uma personalidade díficil. No Brasil era amado pela maioria e criticado pela minoria. Alguns o acusavam de marqueteiro, e outros o idolotravam por sua postura patriótica e exemplar. Ayrton morreu no auge da carreira, o que canonizou sua imagem. Mas Senna, diferentemente de Ronnie e Gilles, possuia a malícia necessária para lutar e abusou de manobras arriscadas, e ás vezes, sujas se analisarmos o "modus operandis" da F1 atual.

    Ayrton Senna foi a evolução natural de Ronnie e Gilles. Um diamante bruto que foi lapidado.

    Arrojo e coragem aliado a malicia e uma pitada de desportividade, a receita ideal para os títulos.

    Porque - desportividade - ? Não precisamos esmiuçar sua carreira para ver que Ayrton Senna também teve seus dias de imoralidade. Suas disputas por títulos mundiais de 1989 e 1990, a fechada descarada em Alain Prost durante o GP de Portugal de 1988 e outras manobras não nos deixou dúvidas que Ayrton foi uma evolução como piloto dentro das pistas e como personalidade esportiva e moral, foi o ápice da aceitação. Para alguns, foi o ínicio do mau exemplo.

    Dias atrás estavámos massacrando o alemão por sua fechada no Rubens, o que dizer desta?

    Mas Senna surpreendia com atitudes morais como esta.

    Alguns o condenaram por manobras arriscadas demais e outros o glorificaram por sua bravura e tenacidade. Ayrton morreu em 1994 durante o GP de San Marino quando liderava o seu sucessor na dinastia - Michael Schumacher.

    E foi exatamente o homem que assistiu a morte do tricampeão de camarote que trabalhou para se tornar a evolução natural desta estirpe de pilotos na F1. O Alemão Michael Schumacher entrou na F1 de maneira polêmica. Bancado pela Mercedes-benz, o alemão conseguiu um carro da Jordan para estrear na categoria e logo após sua boa estréia, conseguiu uma vaga na Benetton no lugar do brasileiro Roberto Pupo Moreno.

    Príncipe e o Rei ? Ayrton tinha seu sucessor.

    Após a morte de Senna, o alemão emplacou vitórias e mais vitórias. Seu título em 1994 foi controverso após uma polêmica batida contra o seu rival - Damon Hill. Nesta atitude percebemos que para conseguir seus objetivos, o alemão era capaz de tudo. Tivemos um péssimo exemplo de esportividade e moralidade.
    O Bicampeonato foi incontestavel. Humilhou seus rivais e conseguiu vitórias épicas como no GP da Europa e no GP alemão. 

    Mas sua imagem, mais uma vez, foi arranhada. Respeitado como o melhor de piloto do mundo até então, Schumacher resolveu jogar seu carro novamente contra um rival na disputa por um título mundial. Desta vez, a vítima foi Jacques Villeneuve em 1997. Desta vez, o tiro saiu pela culatra, e além de perder os pontos, o vice campeonato, teve sua reputação colocada em xeque.

    Assustadoramente rápido, arrojado e eficaz, Schumacher herdou de Senna o "status" de Rei da F1.

    Em questão de moralidade e esportividade, Schumacher retrocedeu a dinastia dos bravos pilotos.

    Sua velocidade, determinação, coragem e arrojo sempre saltaram aos olhos. Para Schumacher, pilotar no limite por uma grande quantidade de voltas parecia tão simples quanto chutar uma bola de futebol. Schumacher elevou o nível dos pilotos a uma estratosfera que parecia ser dificil de ser atingida. Seus títulos de 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004 foram a prova cabal de sua eficiência. Aliando todas as habilidades já citadas, ao um rígido programa de preparo físico e uma eficiente leitura de corrida, Michael Schumacher foi a evolução do legado deixado por Ayrton Senna. Em questão de moralidade, Schumacher deu um show de retrocesso. Além das polêmicas disputas contra Damon Hill em 1994 e Jacques Villeneuve em 1997, não podemos esquecer de seus pegas com David Coulthard na Argentina em 1998, no mesmo ano, uma covarde fechada em Heinz Harald Frentzen na saída dos boxes no GP do Canadá, sem contar o vergonhoso episódio da marmelada austríaca em 2002, quando teve uma vitória dada de presente por seu companheiro Rubens Barrichello. 

     Schumacher x Frentzen - Canadá 1998

     
    Schumacher x Villeneuve - Jerez 1997

    Michael Schumacher, um piloto que dispensa comentários mas no que tende a personalidade, caráter esportivo, um tenebroso retrocesso. Eis que chegamos no espanhol, Fernando Alonso foi o piloto que quebrou a série de títulos do alemão no novo século. Combativo, eficiente, arrojado, rápido e determinado, o espanhol derrotou Schumacher em 2005 e 2006. Como piloto, é muito dificil dizer que tivemos uma evolução em comparação ao alemão, mas sem dúvidas, Alonso é o unico piloto da nova safra que possui todas as habilidades encontradas no alemão mas moralmente, tivemos mais um retrocesso nesta teoria.

      Schumacher encontrou em Alonso, um garoto jovem e veloz, a capacidade de vencê-lo.

      Na Evolução dos pilotos, Alonso tem o arrojo, bravura, determinação, coragem, controle emocional e físico além da malícia.

    Após o bicampeonato, Fernando Alonso agradeceu a pouco mais de três pessoas e retificou que ninguém mais merecia seus agradecimentos. Em 2007, envolveu-se em grave polêmica com sua própria equipe - McLaren. Após disputa interna contra Lewis Hamilton, Alonso queria o "status" de número 1 na equipe, algo que Ron não o fez. O auge da confusão foi a sua delação premiada sobre a polêmica da espionagem entre McLaren e Ferrari.

    Alonso voltou para a Renault em 2008 e envolveu-se em mais uma grande polêmica. O espanhol beneficiou-se do acidente proposital do seu companheiro de equipe - Nelson Angelo Piquet, e ganhou o GP de Cingapura. O caso foi descoberto em 2009, resultando na expulsão de Flávio Briatore da categoria, a saída de Nelson A. Piquet da F1 e a ruptura do contrato de patrocínio entre o banco holandês ING e a equipe. Inacreditavelmente, Alonso saiu ileso desse estrago com um argumento conhecido por nós brasileiros "eu não sabia de nada".

    Falta pouco para o espanhol entrar de vez na história da F1, tanto para o bem quanto para o mal.

    Fernando Alonso agora é piloto Ferrari. Assim como seu antecessor era. Alonso é bicampeão do mundo e luta pelo tri na Ferrari, exatamente igual a Michael Schumacher em 1996/1997/1998/1999. E seu estilo arrojado continua o mesmo, senão melhor, pois seus ultimos desempenhos comprovaram que, quando Alonso está com um carro acertado e equipe focada, torna-se um adversário duríssimo de ser batido. Mas as polêmicas o perseguem. O que dizer do GP da Alemanha de 2010? quando apos suas reclamações de que Felipe Massa estava lento e que isso era uma vergonha, conseguiu vencer graças as ordens de equipe?

    Analisando toda esta "dinastia" de pilotos, chegamos a conclusão de que, os pilotos tem tido uma evolução técnica década após década, mas moralmente, os pilotos tem tido um péssimo retrocesso. O que esperar de Sebastian Vettel ou Lewis Hamilton? Possíveis herdeiros do trono... é esperar e rezar...

      Vettel já deu demonstrações de que faz parte da dinastia, tanto técnicamente quanto moralmente.

     Hamilton tem arrojo, coragem e determinação, e moralmente também já aprontou das suas. Credenciais?

    Por Cláudio Souza
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