Estamos chegando ao final de mais uma temporada de F1 com os GP's de Interlagos e Abu Dhabi acontecendo nas próximas semanas. A disputa pelo título ainda está longe de ser definida e o ano de 2010 prestes a entrar para a história como um dos campeonatos mais disputados dos últimos anos, talvez da década.
Mas o foco aqui não é falar da disputa e/ou dos espetáculos por si só, mas sim dos palcos onde vimos maravilhosas apresentações de ousadia, técnica, perícia e muita coragem de alguns dos melhores pilotos do planeta.
Nos últimos anos, presenciamos parte da história da categoria ser atualizada com a renovação das pistas do calendário. Perdemos muito com a saída de San Marino, Magny-Cours, Nürburgring, Donnington Park, além da mutilação de Hockenheim entre outros palcos clássicos que acompanhamos por muitos anos. Tudo isso para a entrada de novos autódromos ultra-modernos e, na maioria das vezes, sem um traçado interessante para boas corridas.
Apesar das mudanças, a intenção agora não é celebrar a "morte" destas pistas ou falar mal das novas. Li em algum lugar na internet que não foi a F1 que mudou e sim a maneira de olharmos para ela e a incapacidade de pensar e comparar sem a "maldita" nostalgia. Tudo que é novo também pode ser bom, mesmo quando é diferente. E eu concordo com isso e admito também que tinha um certo preconceito com algumas das novas pistas do calendário. Mas para minha surpresa, umas das minhas pistas preferidas entre todas as que conheço, veio nesta nova safra de autódromos especialmente encomendados para categoria.
Estas novas pistas possuem suas próprias características, bem diferentes das mais antigas, mas tão belas como as outras em suas épocas. Temos exemplos também de pistas clássicas que não funcionam mais para a F1, mas isso é pouco falado em qualquer lugar. Muito se fala, escuta e lê da padronização dos traçados, mas e das pistas que precisam urgentemente serem trocadas? Para não citar muitos nomes, uso como exemplo apenas a pista da Hungria onde o sábado de classificação é muito mais emocionante do que qualquer corrida por lá. E reforço que neste caso, nem a chuva salva.
Há alguma pistas que estão na categoria há anos e que resistiram a essa renovação permanecendo na F1. Estes palcos conseguem nos proporcionar grandes espetáculos com boas disputas na pista e com ótimas ultrapassagens, ponto máximo de satisfação para um fã de velocidade. São um dos grandes motivos pelos quais os mais nostálgicos acordam cedo, ou dorme tarde na madrugada, para acompanhar uma corrida onde é certo que algo emocionante irá acontecer.
Assim como todos aqui, tenho a minha lista de pistas favoritas dentro do atual calendário e, como podem ver abaixo, destaquei quatro etapas como as minhas favoritas considerando três das mais clássicas e uma desta nova geração, mostrando que boas corridas são feitas de bons momentos, independente da época, se o autódromo é moderno ou antigo, sejam nos anos 80, 90 ou 2000 ou de quem desenhou o seu traçado, inclusive Hermann Tilke.
- Spa-Francorchamps – GP da Bélgica:
Como falar de Spa-Francorchamps sem exaltar a opinião pessoal? Sem mostrar para todos, o que muitos já sabem, que este é o meu circuito favorito entre todos os existentes no mundo inteiro? Sim, pessoal. De todas as pistas que ainda fazem parte e as já extintas etapas do calendário atual da F1, o GP da Bélgica é o que mais me prende atenção em todo a temporada. Arrisco a dizer que me fascina mais do que a corrida no quintal de casa, Interlagos.
Onde mais encontraríamos uma curva feita a mais de 300km/h pelos carros mais velozes do planeta? Uma pista que passa por duas cidades belgas, Spa e Francorchamps? É completa para os pilotos onde a habilidade é predominante em suas características. Com curvas de alta velocidade, como a Eau Rouge, e curvas de baixa como a Bus Stop, o traçado belga é fascinante também pelo seu visual que contempla as tradicionais moradias daquela região européia com as florestas do país frio. A previsão é tão dinâmica quanto os acontecimentos durante a corrida. Em uma mesma volta, é possível o piloto encontrar em pontos diferentes da pista, chuva forte, chuva fraca e quiçá, um trecho seco.
Assim como em Mônaco, Ayrton Senna reinou no circuito belga com 05 vitórias nos anos de 1985 (sua segunda vitória na categoria), 1988, 1989, 1990 e 1991 com apresentações convincentes vencendo todos os adversários. Após o reinado de Senna, nas edições de 2004, 2005, 2007 e 2009, a Bélgica viu um novo "Rei" surgindo pelo traçado, o finlandês Kimi Raikkonen. Vale lembrar que não houve GP da Bélgica no ano de 2006 e na edição de 2008, Kimi abandonou há poucas voltas do fim com um acidente na pista molhada.
Por inúmeros motivos, Spa-Francorchamps é uma pista sensacional e tiraria muita atenção da F1 se saísse do calendário oficial, o que eu espero que nunca aconteça.
- Istanbul Park – GP da Turquia:
Eu descordo de quem tem este pensamento sobre Istanbul Park. Assim como a Eau Rouge, na Bélgica, temos uma das curvas mais desafiadoras de todas as pistas da F1, a "Curva 8" feita em alta velocidade, chegando a 270km/h mais precisamente e em um formato inédito na categoria, com 4 "pernas" para a direita e sem a necessidade de colocar o pé no freio no seu percurso.
Em 5 edições (faz parte da F1 desde 2005), a pista da Turquia foi dominada por Felipe Massa nos anos de 2006, 2007 e 2008 sempre com pole position e vitória do brasileiro. Mas não só desta informação viveu o GP Turco, em todas as edições, ótimas corridas foram vistas por lá como a grande disputa pela liderança neste ano de 2010 entre os companheiros de equipe Jenson Button e Lewis Hamilton.
Apesar da pouca idade da pista, Istanbul Park tem grande potencial para se tornar um dos palcos da F1 onde já sentaremos para assistir corridas sabendo com certeza de que veremos cenas inesquecíveis.
- Interlagos – GP do Brasil:
Impossível não considerar esta pista como uma das mais importantes do calendário atual da categoria e isso não sou eu que estou dizendo, e sim o histórico pois desde 2005, foi o local escolhido para a decisão de todos os títulos desde então. Bem de perto, o público brasileiro viu a conquista do bi campeonato de Fernando Alonso, o título de Kimi Raikkonen em seu ano de estréia, o fenômeno BrawnGP conquistar o título de pilotos com Jenson Button e o de construtores em 2009, seu ano de estréia.
Como todo circuito clássico com uma vasta história dentro do automobilismo, algumas peças da pista de Interlagos falam por si só e são referencias. Curvas especiais como o próprio S do Senna, onde o próprio piloto ajudou a desenhar, a Curva do Sol, o Pinheirinho entre outras. O traçado de Interlagos é tão único como cada um dos circuitos que ainda fazem parte da história da F1.
- Montreal – GP do Canadá:
Grandes exemplos de grandes fatos, manobras e corridas temos nesta pista. Para não irmos tão longe no passado, como não lembrar da ultrapassagem dupla de Felipe Massa em cima de Barrichello e Kovalainen em 2008? O acidente de Robert Kubica em 2007 e, exatamente um ano depois em 2008, sua primeira vitória? O muro dos campeões, onde quem ainda não bateu por ali, não é um piloto de verdade.
A pista de Montreal esteve fora do circo da F1 no ano de 2009 por motivos burocráticos e, tão logo voltou em 2010, já trouxe consigo um grande sorriso exposto nos fãs da categoria e, principalmente, em todos os pilotos da categoria.
O traçado desta pista desperta tudo o que há de melhor em cada piloto, desde sua agressividade e velocidade pura até a inteligência e cautela pois tudo isso é necessário para as corridas realizadas por lá. E que vença o melhor, como sempre aconteceu no Canadá.
Para quem gosta de corridas, o importante em uma etapa é o despertar daquela emoção, aquele pulo do sofá e a certeza de que estamos presenciando em nossa frente, algo histórico. E saber que as duas semanas seguintes serão intermináveis a espera da próxima corrida, seja na Ásia, Europa, Américas ou em qualquer outro canto de qualquer mundo.
++
2 comentários:
Adoro Spa, Montreal e melbourne.
:-D
Curto assistir aos GP da Bélgica, Canadá e Japao ( Suzuka )
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