Petrobrás e os Pilotos Brasileiros
A maior petrolífera brasileira despejou milhões de reais na F1 nos ultimos tempos patrocinando o GP Brasil e a equipe Williams F1, ganhou muito com publicidade, mas nenhum piloto acabou beneficiado.
A maior petrolífera brasileira, orgulho para muito brasileiro, orgulho para os trabalhadores desta empresa, a Petrobrás S/A tem nome presente na F1 desde seus investimentos na equipe Copersucar e mais recentemente na WilliamsF1. Desde 1999 até o final da década de '10, a Petrobrás teve com a equipe Williams F1 uma parceria técnica que trouxe aos brasileiros vantagens com gasolinas mais poderosas, cujo seu desenvolvimento foi feito no maior laborátorio de alto desempenho que é a Fórmula 1.
Petrobrás estampada nos carros Fittipaldi pilotado por Chico Serra.
Mas como toda empresa, a Petrobrás também usou e abusou da publicidade. Utilizou em vários momentos a imagem da equipe em propagandas no Brasil e quiça ao redor do Mundo, orgulhou-se de mostrar a todos que estava na Fórmula 1 e abastecia uma equipe de ponta. Quem nunca viu um mecânico vestido todo de amarelo abastecendo os carros azuis da Williams nestes últimos 10 anos?
A Petrobrás fez tudo certo, só esqueceu de um detalhe, apoiar os pilotos brasileiros na F1! A Petrobrás investiu maciçamente nas categorias de base como kart e na extinta Formula 3000. Teve até equipe júnior, ajudando pilotos como Bruno Junqueira, Max Wilson, os irmãos Sperafico, Jaime Melo Jr. e outros pilotos. Podemos dizer que ela criou o ninho, deu de comer e esperou os pássaros voarem, mas pelo que vimos, os pássaros não criaram asas...
Programa Seletiva Petrobrás - Um apoio fantástico no Kart
Team Petrobras Junior na Formula 3000 - Força na categoria de acesso
Na Principal vitrine - Apoio a equipe Williams
Nós do Blog não queremos ousar a dizer o que é certo ou errado na estratégia de marketing e de publicidade da empresa. Se a Petrobrás assim deseja, que seja feita a vossa vontade. Mas como uma empresa estatal, acredito que nós, brasileiros, gostaríamos de ver um piloto nacional sendo apoiado ( e de certa forma, empurrado ) pela maior petrolífera da América Latina. Mas pelo que percebemos, não é essa a doutrina que impera na diretoria da empresa.
Aonde queremos chegar é que, se a Petrobrás despejou milhões de reais, ajudou indiretamente pilotos de outras nações na Fórmula 1, por quê não apoiou nenhum piloto na categoria? . Hoje em dia, vemos vários exemplos de empresas nacionais que ajudam seus pilotos compatriotas a conseguirem um lugar na F1. Abaixo temos alguns casos específicos para o ano que vem e um histórico:
Apoio da Petrolífera venezuela PDVSA levou Pastor Maldonado a conseguir sua vaga na Williams.
Mexicano Sérgio Perez e o seu belo empurrão dado pela gigante TELMEX.
O que seria destes três rapazes sem o empurrão da Mercedes-benz ?
Apesar da situação precária que se encontra a Venezuela, a estatal conseguiu colocar o piloto venzeuelano na Williams, uma bela proeza em se tratando de uma petrolífera de um país latino-americano. A gigante TELMEX ( nessa gigante inclui-se a Claro S/A, Embratel, Claro Argentina, parte da NET e outras muitas empresas... ) conseguiu um espaço na Sauber para o pupilo mexicano Sérgio Perez, que será companheiro do japonês Kamui Kobayashi ( que de tanto talento não precisou de dinheiro para ficar na F1, mas precisou da Toyota para chegar a categoria ).
Temos um exemplo histórico, como no caso do maior piloto da história da F1 - Michael Schumacher - que entrou na categoria graças aos dólares bancados pela compatriota Mercedes-benz. Outro caso recente é do piloto brasileiro Bruno Senna. Patrocinado pela Embratel ( empresa do mesmo rol da gigante TELMEX ), o brasileiro tem tido enorme dificuldade para conseguir espaço na F1 depois da desastrosa temporada pela Hispania.
Rubens Barrichello, Felipe Massa e Lucas di Grassi permanecem na F1 graças ao seu mais puro talento. O último ainda sente falta de um patrocínio forte. Cadê a gigante petrolífera numa hora dessa para ajudar um piloto nacional? Quer uma publicidade maior do que ajudar um piloto do seu país de origem a chegar cada vez mais alto na principal categoria mundial? Ainda mais sabendo que este piloto é reconhecidamente rápido e habilidoso?
O Brasil está chegando a um momento crítico na Fórmula 1. Rubens está em fase final de carreira, Felipe Massa entrará na temporada de 2011 talvez com a maior pressão que um piloto brasileiro já sentiu por resultados desde Barrichello em 1995, caso Felipe não tenha sucesso, é certo que sua carreira entrará em declínio. Di Grassi e Bruno Senna lutam por vagas fracas já que não contam com muito aporte financeiro e as categorias de base não contam com nenhum piloto nacional destacado.
Se está tão bom assim...
...porquê não apoiar um piloto nacional?
Se a situação persistir, o Brasil poderá enfrentar um novo jejum de vitórias na categoria já que o jejum de títulos entrará no seu 20º ano.
Depois dos milhões investidos na Williams F1, das campanhas publicitárias esfregadas na cara do público brasileiro com pilotos estrangeiros, com a Petrobrás exibindo sua alegria e fartura, depois de ver marca nacional mais badalada estampada na camisa do argentino River Plate, será que é demais a petrolífera apoiar integralmente um piloto brasileiro na Fórmula 1?
Dá para entender ?
10 comentários:
Excelente Post! MUITO controversa a participacao da Petrobras no Automobilismo (nem vou comentar o Futebol, que vergonha) em termos de Formula 1... acho louvavel tambem as outras iniciativas, mas ja deveria ter caido a ficha em alguem depois dos acontecimentos do Maldonado, a PETROBRAS NAO PODE ficar pra tras... Tomara que alguem com poder de decisao leia esse post.. muito bom!
Ás vezes, me mata de vergonha de dizer que a principal estatal não bota um centavo em apoio pessoal ao automobilismo nacional.
paciência.
quem sabe esta política um dia, não muda.
Claudio/Cataldo,
Eu vergonhosamente concordo com voces!
Ela precisaria ver que ,alem de ser interessante para um polito de destaque,seriam bom para ela (PETROBRAS) mesmo!
Iria dar mais 'moral' a ela,valorizar a sua marca e aumentar a sua aceitação junto ao publico brasileiro.
Hoje a Petrobras valoriza o numero de pessoas a quem ela pode chegar (campeonato brasileiro de futebol e time do River Plate na Argentina),independente do estardalhaço que se faça ( parceria que fez com a Willians por 10 anos ou patrocinio a um piloto de destaque) .
A Petrobras direciona os seus investimentos em politicas e estategias.E hoje,a sua politica/estrategia de marketing é a que eu disse por ultimo.
Porem,como fã de formula 1, brasileiro e ao que tudo indica,fazendo ' coro à massa', eu espero que mude!
Marcelo
Obs : Mais uma vez eu digo : o seu blog,mais o do Cataldo , é profissional!
Acho que existem dois pontos de vista a serem analisados nessa história. O primeiro é o fato da petrobrás ter escolhido uma postura neutra em relação ao automobilismo, como uma forma de se preservar. Oras, por que investir em um só piloto quando eu posso investir na formação de vários ? Acho que foi essa a postura adotada pela PETROBRAS , e que eu não acho equivocada. Só que a petrobras SOZINHA, não conseguiu elevar o nivel de formação dos pilotos brasileiros, porque o brasil simplesmente NÃO TEM formação nenhuma além do kart. A CBA não ajuda. Que categoria de fórmula temos por aqui tirando as regionais ? Todo ano tentam montar uma, que sempre acaba em grids com 5 ou 8 carros, com uns 3 da mesma equipe.
Sendo assim, já que investir na formação de pilotos não esta funcionando como o suporte necessário para levar os pilotos até a F1 com seus próprios "esforços", acho que esta na hora da PETROBRAS mudar um pouco esse foco e começar a investir nos pilotos que lá já estão (na F1) ou nos que estão prestes a lá chegar.
Mas, repito, na minha opinião, não acho a postura da PETROBRAS equivocada. Acho apenas que ela escolheu um caminho neutro, que achou que renderia mais frutos, o que não aconteceu. Espero que agora alguém lá dentro tenha a visão para enxergar isso e, quem sabe, mudar esse "approach" em relação ao automobilismo, mas sem retirar esse investimento na nossa "base" (vulgo kartismo).
Minha humilde opinião, pessoal.
NA MINHA OPINIÃO TUDO QUE A PETROBRAS FAZ É PARA LAVAGEM DE DINHEIRO. POIS O MONOPÓLIO DO PETRÓLEO SÃO DELES, PORTANTO NÃO HÁ NECESSIDADE EM GASTAR MILHÒES COM PATROCINIO E TAMBÉM PELA ENXURRADA DE COMERCIAIS QUE APARECEM NA TV.
NÃO SOU CONTRA AO PATROCINIO, MAS NO CASO DA PETROBRAS ELA NÃO SE PREOCUPA COM O RETORNO E SIM EM MOSTRAR PRA QUE SAIU O DINHEIRO. TEMOS OUTROS MEIOS QUE PODERIAM INVESTIR NO AUTOMOBILISMO E UM DELES SÃO AS PRÓPRIAS MONTADORAS, TEMIDAS NO MUNDO TODO. MAS SE ELAS INVESTIREM PODEREMOS TER NOVAMENTE A FÓRMULA RENAULT POR AQUI, FORMULA FORD, FORMULA WV E POR AI VAI.
Dá pra dar um Ctrl + C Ctrl + V na resposta do Mesquita ? Hehe
Abs,
Nem vamos falar da CBA, pois confederação boa aqui no Brasil somente a de vôlei, e olhe lá, mas cadê a atuação da CBA nisso? A CBA tem por obrigação fazer um projeto decente para o automobilismo nacional, para atrair as empresas envolvidas com automóveis (leia-se fabricantes de carro e seus adicionais, como combustíveis, equipamentos, etc.), como zelar pelas praças esportivas. Em menos de 1 mês já morreram 2 pilotos e cadê a homologação dessas praças? Com exceção de Interlagos, o resto tá no bagaço. A reta da pista de Curitiba parece reta de pista de motocross e a de Brasília parece pista de motocross, de tanto barro que tem em volta e acaba na pista.
É triste isso, também não entendo a postura da Petrobras, mas a atitude de apoiar pilotos brasileiros não tem que partir única e exclusivamente dela, e sim da CBA, que deve receber bem por isso, com licenças e afins.
Bom post Claúdio, mas colocaria a falta de renovação no automobilismo nacional na conta da CBA e não da Petrobras, e pode ser como suporte para algum projeto, e não como a cabeça do mesmo. Como está cheio de incompetentes lá - vide a polêmica do autódromo de Jacarepagua, que o presidente atual prometeu ceder o espaço somente com o de Deodoro construído - não teremos muito a esperar, infelizmente.
Pessoal,
A matéria foi enviada para a assessoria de imprensa da Petrobrás. A mesma respondeu o e-mail dizendo que foi encaminhado para a gerência responsável. Estaremos aguardando mais respostas. Em breve divulgaremos a resposta da Petrobrás S/A.
Então, nao houve resposta da PETROBRAS???
Abraço!
A explicação é que a Petrobras patrocina equipes e nao pilotos individualmente, por causa do que aconteceu em 1997: Ricardo Zonta alcançou ótimos resultados e foi embora para a McLaren, que já tinha parceria com outra petrolífera e portanto o investimento da Petrobras foi perdido.
Nos anos 2000 a empresa criou a equipe Petrobras Jr. na F3000 para funcionar como "escada" para a Williams, então parceira. Porém, o custo da F3000 subiu muito e a empresa se retirou. Eventualmente, a F3000 veio a acabar, dando lugar à GP2. Nessa época a empresa estava só com a Williams, porém a escuderia já tinha seu próprio programa de academia de pilotos.
Posteriormente, o retorno do investimento da F1 não compensava mais, e a Petrobras decidiu ficar só com os naming rights do GP do Brasil. Um investimento de base é impensável para a empresa hoje, saqueada pelo PT e desinvestindo em várias áreas de exploração e produção. Mas ainda temos o apoio na F-Truck e na Seletiva de Kart.
Postar um comentário