quarta-feira, 28 de julho de 2010

A calma depois da revolta…

O título diz muita coisa.

Não que seja algo raro, mas desta vez o atraso na atualização do Paddock Info foi proposital e eu assumo totalmente a responsabilidade por isso.

Agradeço a quem perguntou “…Cadê os resumos?”, “…Não vai atualizar?” e principalmente “…Vai descascar a Ferrari depois da corrida da Alemanha?”. Justamente por saber que tem pessoas que gostam (por menor que seja o número) do que escrevo, preferi esperar até a poeira baixar e voltar hoje, quando falar mais do mesmo não seria tão óbvio já que o assunto deu uma esfriada.

Após estar com os nervos em alta no domingo por tudo o que aconteceu, de refletir por todo o resto do dia e evitar conversar sobre o assunto com todos, tirei segunda e terça-feira para pensar sobre a situação do automobilismo brasileiro e como o esporte é tratado pelos profissionais que são referência a todos.

Com partida nos acontecimentos do ultimo GP da Alemanha, acredito que muitos fãs do esporte tiveram seus momentos de revolta e indignação com o que viram na TV após a aceitação de um profissional em acatar as ordens de sua empresa. Sim, um profissional respeitando ordens de seu chefe. Foi exatamente isso o que aconteceu no ultimo domingo em Hockenheim.

Aos indignados, como eu, que sentimos apenas revolta por reviver uma situação já muito polêmica e criticada com Barrichello em 2001 e 2002 com a mesma Ferrari, devemos olhar toda a situação com um olhar em que a razão prevaleça e a emoção fique um pouco de lado.

Devemos esquecer que Felipe Massa não honrou com seus ideais de ser um piloto vitorioso acima de tudo e que entregou o maior objetivo de um piloto de qualquer categoria de bandeja para quem não a merecia no momento, a vitória. Devemos esquecer também a idéia de que isso acontece apenas com brasileiro, apesar da história mostrar um pouco o contrário. Refletir se estas coisas poderiam acontecer com pilotos como Lewis Hamilton, Michael Schumacher e o próprio Fernando Alonso. Poderiam? Bem, acho que não.

Tento pensar da maneira que descrevo abaixo para que eu consiga justificar a mim mesmo por que me emociono com um esporte onde a esportividade não é a prioridade. Um esporte onde o vencedor, o melhor, o cara a ser batido pode mudar de uma curva para outra com estratégias empresariais e sem nenhum objetivo esportivo.

Entre todas as teorias que surgiram por ai desde domingo, a menos óbvia para nós, amantes de velocidade, é o fato da equipe Ferrari ser uma empresa com funcionários, metas, orçamentos, planos de ação assim como todas as outras em que eu, você e milhares de brasileiros trabalhamos.

A empresa Ferrari visou, na Alemanha, uma oportunidade de ficar mais próxima de sua meta com um de seus “colaboradores” mais produtivos. Oras, o que acontece quando uma pessoa ganha destaque em seu trabalho depois de um esforço maior que o de outra pessoa?

Ela é promovida!

Reconhecida pela sua empresa e pelos seus empregadores com maior respeito, confiança e preferencias. E foi isso o que aconteceu no domingo.

Felipe Massa é um colaborador da Ferrari que não vem sendo tão produtivo como poderia ser, e como já foi. Fernando Alonso, com vitórias, boas largadas e ótimas disputas foi promovido para a primeira posição durante a corrida. Ele recebeu o respeito, a confiança e a preferencia de seus chefes. Já Felipe Massa, deve trabalhar melhor para merecer tudo o que seu “parceiro” já merece e conquistou.

Claro que pra quem quer ver disputas como víamos nos anos 80, ou nem tão longe nos anos 90, foi algo totalmente inadmissível e revoltante, mas temos de lembrar que a F1 de hoje em dia, não é um esporte em que o foco é toda a filosofia esportiva que envolve uma modalidade, e sim o dinheiro, o negócio, o retorno financeiro a recompensa no final do ano.

E movida destes objetivos, a Ferrari – talvez mais do que as outras – ainda toma suas decisões esportivas visando o seu lado coorporativo, e acredito eu que isso não mudará tão cedo pois a ordem vinha acima de Jean Todt como vem de Stefano Domenicalli, isto é ordem de Luca Di Montezemolo, o chefão da escuderia.

Mudando um pouco de assunto, o automobilismo brasileiro, que deveria ser motivo de orgulho para todos nós torcedores por dar ao mundo gênios como Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet (para ficar apenas nos históricos) e também para os profissionais envolvidos, está cercado por pessoas que simplesmente não se importam mais com o resultado de seus trabalhos. Minha intenção não é desrespeitar ninguém e muito menos diminuir o trabalho destas pessoas, e sim mostrar o quanto eu – Fernando Cataldo – estou insatisfeito com certas coisas que vejo na mídia relacionada ao esporte que me encanta há décadas.

Ao invés de dar exemplo do que me incomoda, prefiro me exaltar e elogiar o que me agrada. Trabalho de jornalistas como Américo Teixeira, dono do portal Diário Motorsport, Rodrigo Mattar, responsável pelo blog A Mil Por Hora, Victor Martins, um dos responsáveis pelo melhor site de automobilismo que já vi, o Grande Prêmio e por último mas não menos importante, um dos responsáveis pelo meu interesse por jornalismo esportivo, Flávio Gomes que é dono do portal Grande Prêmio.

Agradeço imensamente a estes citados acima e a outros profissionais também. Apenas reforço com um exemplo que, se e quando eu quiser saber sobre surf, assistirei na televisão um programa sobre este assunto. Programa de televisão sobre automobilismo, deve falar de corrida de carros, no mínimo.

Obrigado a todos e até a próxima.

++

Um comentário:

Cláudio Souza disse...

Depois deste episódio eu acabei aprendendo, depois de quase 21 acompanhando a F1, que o piloto que é "obrigado" pela equipe a abrir passagem para o companheiro, é porque não foi competente o suficiente para estar na frente do mesmo na tabela geral de pontos. Pq se fosse o inverso, o privilegiado seria Massa e não Alonso. É dificil engolir uma situação como aquela para um espectador, um fã, mas, a F1 é um campeonato muito dificil aonde tem mto dinheiro investido. Se vc tem dois pilotos, e um deles está bem melhor colocado para disputar o título, nada mais LÓGICO do que privilegia-lo. Se vc já não está bem, e deixa seus dois pilotos lutarem entre si, pode acabar com nada. Isso soa estranho más é a atual realidade da Fórmula 1. Novos ares, Novos tempos. Para quem gosta e compreende, irá entender, para quem não engoliu, começará a se distanciar da categoria porque o caminho ensinado por Michael Schumacher, Jean Todt, Ross Brawn e cia. foi esse, e o resultado foram 5 títulos mundiais e 6 títulos construtores. Será que foi eficaz?

Deixo com vocês as respostas..

Abraços