quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Eu e o GP do Brasil de F1

Eu e o Grande Prêmio do Brasil


Minhas alegrias e decepções com o Grande Prêmio de F1 em Interlagos.

por Cláudio Souza
@claudiosgs

É sempre prazeroso assistir aos GP Brasil de F1. As emoções e expectativas sempre são diferentes acerca do GP caseiro. Desde que acompanho F1, sempre os dias que antecedem a prova são de muita ansiedade e expectativa para o que vai acontecer no circuito de Interlagos. 

Assisto GP's de F1 desde 1990, e o primeiro GP do Brasil que assiti ao vivo na TV foi o de 1991. Nada melhor para um jovem garoto, recem apaixonado pela F1, assistir a uma vitória épica do "herói da infância" Ayrton Senna na narração emotiva do Galvão Bueno (época em que ele narrava de verdade). A corrida em si não foi muito emocionante pois o Ayrton ganhou de ponta a ponta, as Williams ameaçaram mas não a ponto de detê-lo. A expectativa para 1992 era enorme mesmo sabendo da superioridade da Williams. Mas a corrida foi uma grande decepção com o abandono do Senna logo no ínicio e o passeio humilhante do Nigel Mansell com a sua Williams.

1991

1992

Um misto de emoção e alegria resumiram a corrida de 1993. Eu estava ansioso para assistir mas sabia que seria muito dificil que o Ayrton conseguisse vencer pois as Williams estavam velozes. Prost fazia sempre os melhores tempos nos treinos e a imprensa não apostava 1 centavo na vitória do Ayrton. A corrida veio, a chuva caiu, e o Ayrton fez mágicas mesmo com penalizações e perda de posições. Com determinação, ultrapassou Damon Hill numa das mais belas ultrapassagens da F1 e foi para vitória, sua ultima em solo brasileiro.

1993

A corrida que gerou a maior expectativa nesse meus 21 anos que acompanho a F1 foi a de 1994. Eu já tinha 10 anos, e a maioria dos meus amigos que gostavam de F1 dividiam comigo a expectativa de ver o Ayrton pilotando o carro azul da Williams no GP do Brasil daquele ano. A vitória para nós era certa então a ansiedade era enorme. Me recordo que a imprensa também exagerou no otimismo, colocando nos ombros de Senna uma pressão extra.

Lembro dos amigos de escola com revistas especializadas de automobilismo, conversas e o unico papo era a Williams azul do Senna. Já que naquela época não existia Internet e a nossa única fonte de informação eram os jornais impressos e programas de esportes, praticamente desconhecíamos a forma surpreendente que a Benetton estava tendo nos treinos de preparação.

Nos primeiros treinos o Ayrton sempre fez os melhores tempos assim aumentando a certeza da vitória. Mesmo sendo muito garoto eu sabia que na corrida as coisas poderiam ser diferentes. Domingo a tarde, eu e meus amigos nos reunimos para ver a prova. E ficamos completamente espantados quando vimos o desempenho do alemão Schumacher. Perguntávamos entre nós: "Como que a Benetton está pressionando a poderosa Williams?', mal sabíamos que a poderosa Williams já não era tão poderosa assim. Quando o Ayrton perdeu a posição nos boxes, a apreensão tomou conta de todos nós.

Schumacher pressionando Senna em Interlagos, surpresa em interlagos.

Schumacher conseguia abrir vantagem e o Ayrton não conseguia diminuir. Eis que surpreendentemente o Ayrton começa a diminuir a diferença notadamente no braço. A narração do Galvão começou a ficar emocionante colocando ilusão em todos de que o Ayrton conseguiria ultrapassar o alemão. A diferença que chegou a ficar na casa dos 10s cai para 4s, quando a imagem da TV mostra uma Williams parada no meio da pista, e o choque: na tela o caracter SENNA 2 WILLIAMS RENAULT.

O momento do choque.

O abandono do Ayrton foi uma das maiores decepções desses GP's Brasil de F1 que eu assisti graças a grande expectativa gerada. Me lembro de uma matéria do Fantástico daquela noite, um repórter entrevistando as pessoas indignadas com o Ayrton, muitos até xingando o tricampeão. E a imagem do povo deixando o autódromo com plena atividade em pista. Nunca mais o Ayrton pilotou em Interlagos.

A partir de 1995, virou uma tradição. Eu e meus amigos nos reunimos para assistir o GP Brasil com muita expectativa. De 95 até 99, o roteiro sempre foi mesmo. Esperar que o Barrichello fizesse algo que prestasse. Começava bem, iludia durante e decepcionava no final. Ponto forte para 1996 quando largou em 2o, lutou contra Alesi e Schumacher, teimava em tentar ultrapassar no S do Senna por fora quando a pista estava seca por dentro. E rodou quando tentou atacar ele, Michael Schumacher.


Em 1999 até que alegrou bastante até o motor Ford explodir em plena reta. No ano 2000, a expectativa foi parecida com a de 1994. Finalmente teríamos um piloto em condições reais de lutar por vitórias e pilotando uma Ferrari. Fez bons tempos nos treinos e a expectativa para a corrida era enorme, a corrente da época era, veja só: "O Rubinho vai colocar o Schumacher no bolso". Bom, eu já estava calejado das decepções, e sem se surpreender, vi o abandono do brasileiro por problemas hidraúlicos.

1996

Vibração do povo brasileiro em 2000

2001 dispensa comentários, 2002 decepção total. Já em 2003, não esperávamos nada e quase tivemos tudo. A poucas voltas do final, na liderança, Barrichello abandona com pane seca, dizer o que?

O pódio de Barrichello em 2004 não aliviou a angústia, mas também não decepcionou, foi como empatar um jogo depois de estar perdendo por 1 a 0.

A partir de 2005,  o GP Brasil começou a ter contornos mais emocionantes e cativante. Não apenas pelo fato de torcer por uma vitória brasileira mas sim pelas decisões da F1 em solo nacional. Todos sabíamos que o Barrichello não teria chances de vitória então as atenções voltaram a luta entre Kimi e Alonso. Em uma corrida impecável, o jovem espanhol levou o título. Pela primeira vez o Brasil assistia uma decisão de título mundial.

Chegamos em 2006. Eu já batia na casa dos 23 anos. A expectativa pela prova era a msma de outros tempos, curioso pelo fato de ver o Schumacão pela ultima vez na F1, ufa!. A pole do Massa gerou forte expectativa, mas como sempre em sua carreira, o Felipe não gerava confiança de vitória, e assistimos a prova desconfiados. Quando a corrida estava na metade, e o Felipe liderava com certa folga, o Schumacher vinha dando aula de pilotagem na sua derradeira corrida, a certeza da vitória começou a aparecer. As voltas passavem e o filme das decepçoes estavam sendo exorcizados.

Na ultima volta, na sala estavámos em 7 pessoas toda atônitas. Entre amigos e familiares, ninguém acreditava no que estava vendo, um brasileiro vencendo o GP Brasil novamente. Quando Felipe Massa cruzou a linha de chegada e as imagens da TV captaram o povão de vermelho se levantando e gritando nas arquibancadas, a emoção foi enorme. Todos gritando e alguns chorando, vibravam com a vitória que teimava em não vir. Estava terminado o jejum de vitórias brasileiras em Interlagos. Foi uma vitória para lavar a alma. Gritos, fogos, choros, telefonemas, até parecia que a seleção tinha conseguido o hexa.

2006 - Massa vence no Brasil

2006

Passada toda a tensão da espera, 2007 a expectativa era mais tranquila. Felipe não tinha chances de título então sabíamso que se o brasileiro estivesse na frente, a Ferrari faria algo para que o Kimi vencesse. Dito e feito. Felipe liderou e abriu para Kimi ganhar e ser campeão mundial. Nada mais justo dentro do império Ferrari.

Chegamos no espetacular GP do Brasil de 2008. Decisão de título mundial em Interlagos com um piloto brasileiro na disputa. Era o panorama perfeito para um GP Brasil perfeito. A semana anterior a corrida foi de extrema expectativa, ansiedade, tensão, cálculos e torcida. Já com 25 anos, calejado das decepções anteriores mas uma imensa vontade de gritas "é campeão", eu preparei o domingo para comemorar o título mundial.

A casa cheia novamente como em 2006. Macarrão a postos, refrigerantes na mesa, amigos e familiares. A corrida começa e o silência impera na sala. Na rua percebe-se que todos os vizinhos também estão assistindo a corrida apreensivos. Qualquer lance da corrida, escuta-se os "Ooow" das casas vizinhas, coisas tipicas de jogos do Brasil em Copa do Mundo. Felipe Massa sempre na liderança gerava conforto, então as atenções eram sempre para a colocação do rival - Lewis Hamilton.

2008 - Foi complicado assimilar...

Durante toda a corrida, Lewis esteve em posição de ganhar o título. Todos já estavam descrentes, quando nas ultimas voltas, ele cai de posições... se perde... e a esperança aumenta. Todos ficam apreensivos, e quando a Toro Rosso de um certo Vettel ultrapassa o inglês, um grito parecido como "gol" é escutado nas casas vizinhas e claro, entre nós. Eu estava concentradíssimo e não mencionava uma palavra sequer. Ultima volta e o Hamilton não dando amostras de recuperação.

Quando o Felipe Massa cruzou a linha de chegada, todos na casa começaram a gritar "é campeão". Ouve-se gritos e fogos pela rua. Baita festa em pouco mais de 30 segundos quando um primo mais atencioso diz: "calma gente, parece que o Lewis passou alguém....". Um silêncio mortal toma conta da sala. Quando todos se dão conta que a namorada do Lewis pula de alegria e voz embargada do Galvão traduz a decepção. Uma ducha de água fria congela os ânimos de todos.

2008 - Ultimos momentos do GP mais dramático

De 2009 e 2010, nada muito diferente da época de 2000 -> 2005. Expectativa por algo parecido como em 2006 e 2008, a pole do Rubinho em 2009 até ilusionou mas a velha decepção deu as caras novamente.

Estamos a poucos dias da etapa de 2011. O panorama demonstra que teremos uma etapa morna, mas assisitir um GP do Brasil de F1 é sempre uma emoção independente das situações. É uma das corridas que nunca queremos perder.

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